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Investigação da PF revela mega esquema de compra de votos em Caxias-MA nas eleições de 2024

Dinheiro usado na compra de votos pode ter vindo atividades ilegais como Bets e até do tráfico de drogas, segundo a PF

06 de julho de 2025 às 12:41
7 min de leitura

Em meio às disputas eleitorais municipais de 2024 em Caxias, no Maranhão, a Polícia Federal desvendou um esquema complexo de compra de votos que envolvia pagamento em dinheiro, transferências via Pix e até promessas de cargos públicos. Documentos da PF revelam detalhes de conversas interceptadas em celulares apreendidos, que apontam articulações diretas entre cabos eleitorais, candidatos e até advogados.

Investigação da PF revela esquema de compra de votos em Caxias-MAColagem: Lupa1

As investigações tiveram origem em um inquérito policial instaurado em Caxias para apurar corrupção eleitoral, após o cumprimento de um mandado de busca e apreensão contra Othon Luiz Machado Maranhão. Durante a operação, o celular de Othon revelou conversas com Vitória Maria Morais Azevedo, que mais tarde teve seu próprio telefone apreendido. A análise pericial mostrou mensagens explícitas tratando da compra de votos.

Alvo da investigação, Othon Luiz Machado Maranhão foi nomeado secretário de administra e finançasReprodução do Instagram

Entre os diálogos extraídos, destaca-se a conversa com Leonardo Dirmo, irmão de Vitória. No dia da eleição, eles acertaram o pagamento de 200 reais por três votos, mesmo quando já sabiam que a Polícia Federal monitorava os aparelhos. Em outra troca de mensagens, Josué pergunta quando o “acerto” poderia ocorrer sendo orientado a esperar o movimento acalmar para não chamar atenção.

Leo Didimo, chega a citar nomes de supostos eleitores que venderam votos

Os indícios não param aí. Vitória combinava pagamentos via Pix com Raí José Queiroz, mencionando até valores na casa dos 10 mil reais para compra de votos. Com Adilson, as conversas sugeriam acordos em dinheiro vivo, com menções diretas a valores como 400 reais.

Valor de R$ 10 mil é anunciado por Vitória para possível compra de votos

As investigações também apontaram uma tentativa de obstrução. Em mensagens recuperadas, o advogado James Lobo orientou Vitória a mentir à PF para evitar a apreensão do celular, sugerindo que ela dissesse ter esquecido o aparelho em casa ou no carro.

Advogado da campanha de Gentil Neto orientou investigada a mentir para a polícia

Em outro inquérito, relacionado à chamada Operação Funâmbulo, a Polícia Federal analisou dados extraídos de celulares de cabos eleitorais e candidatos em Caxias. Allan Carlos Assunção Nascimento foi flagrado em ligação com Wellison Rodrigues Rios, então candidato a vereador, no exato dia e horário em que, segundo denúncia, haveria distribuição de dinheiro vivo em um carro estacionado na rua onde Wellison mora. As localizações GPS extraídas do aparelho confirmaram a presença do investigado no local.

As investigações avançaram ainda para o entorno do então prefeito Fábio Gentil e de seu sobrinho, Gentil Neto, candidato à sua sucessão. Conversas encontradas no celular de João Victor Lopes de Oliveira revelam negociações suspeitas. Em troca de apoio político, havia promessas de favores e transferências bancárias. Em uma das conversas com o vereador Mário Assunção, João Victor menciona o pagamento de 50 mil reais para garantir o apoio de uma candidata adversária, confirmando a denúncia inicial feita por ela. Há registros de listas de eleitores com valores somando 12 mil reais, acompanhados de comprovantes de Pix.

Convesa entre Fábio Gentil e João Victor sugere compra de apoio por R$ 12 mil

A prática de troca de benefícios também se estendia a promessas de cargos públicos. Em conversas com Daniel Veras, surgem relatos de um acordo com o prefeito Fábio Gentil para o pagamento de 20 mil reais em parcelas, além da promessa de um cargo na prefeitura. O detalhamento da investigação mostra que Daniel Veras acabou sendo nomeado assistente administrativo no novo governo municipal a partir de fevereiro de 2025.

Daniel Veras sugere que fez acordo com o então prefeito Fábio Gentil

Para consolidar alianças políticas, a estratégia não se limitava ao dinheiro. Em conversas com Marlon da Silva Cruz, foi identificada a organização de cafés da manhã eleitorais financiados por candidatos, distribuição de alimentos e até a compra de materiais esportivos para times locais, numa tática clara de cooptação de votos por meio de favores.

Candidatos financivam cafés e distribuição de materiais esportivos

Os documentos revelam um esquema articulado e adaptado a diferentes públicos e estratégias de convencimento. As investigações seguem em andamento, com depoimentos marcados e análises periciais detalhadas, buscando identificar todos os envolvidos e garantir a responsabilização criminal pelos crimes eleitorais praticados.

Caxias pode ter vivido o maior esquema de compra de votos da históriaMais nomes

Nos próximos dias o Lupa 1 irá revelar os nomes e a participação de mais investigados pela Polícia Federal no que pode ser o maior esquema de compras de votos no estado do Maranahão, liderado pelo ex-prefeito e atual secretário de Agricultura do Estado, Fábio Gentil.

De acordo com a PF, os investigados agiram em órgãos públicos como hospitais, associações, sindicatos, comunidades da zona rual e outras regiões carentes da cidade, cooptando pessos, fazendo negociações, oferecendos benefícios e valores em nome do ex-prefeito e de candidatos a vereadores.

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