Instagram é o Tinder do Brasil? A rede social virou palco de paquera, flerte e relações paralelas
Com 140 milhões de usuários, o Instagram superou o Tinder na paquera e virou cenário de flertes, ilusões e novos relacionamentos.
O Brasil nunca foi exatamente tímido quando o assunto é paquera. Mas o modo de se aproximar, flertar e até se apaixonar mudou e muito.
Tinder ou Instagram? O brasileiro usa e muito as redes sociais, que virou palco de paquera.
Se antes o campo do desejo era a balada, o boteco ou o cafezinho da firma, hoje ele cabe inteiro dentro de um aplicativo. E não estamos falando do Tinder. Estamos falando do Instagram.
O que era para ser uma rede de fotos virou, silenciosamente, o novo aplicativo de encontros do país. Só que, diferente do Tinder, ele opera de forma mais sutil, mais estratégica e, muitas vezes, mais arriscada.
O Instagram se tornou o maior app de encontros não declarado do país
Com mais de 140 milhões de usuários brasileiros, o Instagram deixou de ser apenas rede social para se tornar um espaço emocional. Ali, amizades se fortalecem, mas também se iniciam conversas que acabam em romance, encontros casuais e até relações extraconjugais.
Segundo dados do Opinion Box, 61% dos brasileiros que usam redes sociais para paquera preferem o Instagram.
No Norte e Nordeste, especialmente, ele já superou o Tinder como canal preferido de aproximação.
Parte disso se explica pela praticidade. É mais fácil mandar um “oi” em resposta a um story do que iniciar uma conversa num app feito só pra isso.
Outra parte, pela falsa sensação de neutralidade: o Instagram permite o flerte sem compromisso declarado.
Stories, curtidas e directs: o novo vocabulário do flerte
A mecânica é simples, mas eficaz. Um story, uma reação. Uma curtida antiga resgatada do fundo do feed. Um emoji sem contexto.
Pequenos sinais que, em conjunto, dizem muito, principalmente pra quem está buscando exatamente isso: atenção.A tal“curtida no story”, em particular, virou o flerte disfarçado mais eficiente do Brasil.Sem texto, sem pressão, mas com intenção. Uma espécie de “like com subtexto”, que pode virar conversa ou apenas alimentar o ego.
Enquanto isso, o Tinder, outrora sinônimo de revolução nos encontros digitais, enfrenta seu esvaziamento.Hoje, a plataforma acumula reclamações de perfis falsos, bots, abordagens agressivas e tentativas de golpe.
Em regiões como o Piauí, sequer aparece entre os cinco aplicativos mais baixados na categoria “Relacionamento”.
A impressão entre os usuários é de que o Tinder envelheceu mal. E, em vez de ser ambiente de conexão, virou um território de dúvida. A paquera se transferiu para onde o cotidiano já acontecee isso, hoje, é o Instagram.
Um feed perfeito, uma vida nem tanto
O problema é que o Instagram também oferece uma ilusão visual poderosa. Ali, todos parecem bonitos, bem resolvidos, seguros de si. É um palco onde só entra luz boa, pose ensaiada e filtro ativado. Essa construção de imagem constante cria um novo tipo de tensão nos relacionamentos.
O que era admiração vira comparação.
O que era paquera vira suspeita.
O que era conexão vira insegurança.
As redes sociais viraram um show de vaidades emocionais. Todo mundo quer ser desejado, mas pouca gente quer construir algo verdadeiro.
TikTok entra no jogo — mas com outra lógica
Na contramão do “visual elegante” do Instagram, o TikTok virou espaço de sedução escancarada. Dancinhas, trends de indireta, vídeos com olhares provocantes. O flerte lá é mais performático e mais descartável.
A dinâmica é rápida: curtiu, comentou, esqueceu.
A estética é exagerada, os personagens são criados para chamar atenção. Relações ali nascem e morrem com a mesma velocidade do próximo vídeo.Por isso, embora ganhe espaço entre os mais jovens, o TikTok ainda não tem a consistência relacional que o Instagram conseguiu construir.
O Ponto de Ruptura -Nem tudo é ilusão, mas tudo exige consciência
É verdade que o Instagram virou o maior ponto de paquera do Brasil. Mas não é verdade que isso seja, por si só, ruim. O problema não está no aplicativo está na forma como as pessoas se relacionam com ele. Quem entra no jogo sem entender as regras tende a se frustrar. Quem usa a rede para alimentar vaidade e esconder carência vai encontrar mais do mesmo.
Mas quem usa com leveza, com sinceridade, mantendo vínculos reais e bons amigos fora da bolha digital, tem chance de viver boas histórias,mesmo que elas comecem com um coração vermelho no story.
Afinal, o amor ainda pode nascer de um emoji. Só não pode depender dele.
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