Operação Prodígio: entenda como organização criminosa funcionava
Acusados criaram empresas fantasmas para gerar o dinheiro proveniente do crime.
Durante coletiva de imprensa, o delegado Anchieta Nery, falou sobre a Operação Prodígio,deflagrada pela Superintendência de Operações Integradas (SOI), em conjunto com as Diretorias de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil do Piauí, na manhã desta terça-feira (05).
De acordo com o delegado Anchieta Nery, os acusados criaram empresas fantasmas para gerar o dinheiro proveniente do crime. E além disso, tinha os chamados clientes, que faziam cadastros no banco, com dados adulterados, para poder conseguir altas linhas de crédito. Ainda segundo o delegado, o empresário Ilgner Bueno e seu pai, Raimundo Isaías, eram os responsáveis pela criação das empresas.
“A organização criminosa montava uma verdadeira fraude, sabia tudo que precisava inserir de informação falsa no aplicativo do banco para enganar o motor de crédito, que é o algoritmo que vai tabular o quanto de crédito eu vou fornecer para aquele cliente. Então eles sabiam que algumas profissões poderiam importar em um score maior, como médico, engenheiro e atleta profissional. O Piauí nunca teve tanto jogador profissional quanto nessa investigação, nosso futebol descolou, se os fatos nessa investigação fossem verdade”, afirmou o delegado Anchieta.
Ainda segundo o delegado Anchieta Nery, um gerente do banco chegou a questionar a profissão de uma das suspeitas, de apenas de 19 anos, que alegava ser médica obstetra.
"Um gerente chegou a abordar uma moça que alegou ser médica obstrutiva com 19 anos. Ela relatou que estava a um ano sem trabalhar, mas trabalhou um ano na maternidade. Contando mais três anos de residência o gerente questionou se a mulher havia se formado com 10 anos e ela disse: 'me formei muito jovem'", conclui.
De acordo com o delegado Matheus Zanatta, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, onde foram apreendidos vários carros de luxo, e transportes aquáticos.
“Foram apreendidos vários carros de luxo, dentre eles: T-cross, Compa, BMW. Foi também apreendido uma grande quantia, uma moto náutica e uma grande quantia em dinheiro. Todos os indivíduos que foram presos, no momento do interrogatório, confessaram a prática criminosa”, pontuou o delegado.
Anchieta Nery ainda destacou o motivo do nome escolhido para operação, segundo ele, o nome “Prodígio”, foi utilizado em alusão aos jovens de 18, 19 anos, que se passavam por médicos, engenheiros e jogadores de futebol profissionais.
“Então a gente teve mulheres de 19 anos se apresentando como médica obstetra, de maneira virtual. Jovem de 18 anos se apresentando como engenheiro formado, daí o nome dessa operação: Prodígio”, explica o delegado.
VEJA TODOS OS PRESOS NA OPERAÇÃO:
- Anderson Ranchel Dias De Sousa
- Ângela Marques De Almeida Terto
- Ariosvan Lopes Pereira
- Diana Mayara Da Costa Reis
- Dimona Cibele De Andrade Miranda
- Eristay Cantuario Oliveira
- Erisvelton Felipe Oliveira Santos
- Handson Ferreira Barbosa
- IIgner De Oliveira Bueno Lima
- Joao Gabriel Vieira Leal Dos Santos
- Jose lann Da Penha Passos
- Juliana Maciel Aires
- Kamila Thayline De Oliveira Gomes
- Liedson Ribeiro Da Costa
- Louise Raquel Cardoso De Sousa
- Marcelo Cristian Gomes Silva
- Marcelo De Sousa Almeida
- Maria Aparecida Da Costa Morais
- Rafael Soares De Oliveira
- Raimundo Isaias Lima
- Ramon Vitor Lopes Gomes
- Rennan Erick De Oliveira Sousa
- Savio Maximo De Sousa
- Andrade, Simplicio Da Silva Santos
- Taise Nunes Da Silva
- Tiago De Carvalho Santos
- Vinicius De Morais Sousa
- Vitoria Ferreira Do Nascimento
- Wanderson Santos Queiroz
- Washington Silva De Santana
ENTENDA A OPERAÇÃO:
A Polícia Civil do Piauí deflagrou na manhã desta terça-feira (5) a “Operação Prodígio”, contra um esquema de fraude financeira que gerou prejuízo de R$19 milhões a um banco. A ação cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e 30 mandados de prisão temporária em Teresina, Floriano, Amarante e Nazaré do Piauí.
De acordo com a investigação, dos R$19 milhões de prejuízo, R$6 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí.
Segundo a polícia, a fraude consistia em cooptar pessoas para abrir contas bancárias com dados falsos (como profissão, renda etc.) que levassem o banco a aumentar o limite de crédito desse cliente. Uma vez aberta a conta, a associação criminosa simulava uma série de transações bancárias para “esquentar” a conta, de forma que o banco entendesse que aquela renda declarada era legítima.