CPI DO COLAPSO: Silvio Mendes segue falando em rombo, mas base aliada barra a investigação e blinda
Líder do governo não articulou votação, vereadores aliados se ausentaram e Câmara se omitiu diante da CPI que vai apurar rombo de R$ 3 bilhões
O que se viu na Câmara Municipal de Teresina nesta quarta (28) não foi apenas uma sessão encerrada em 15 segundos. Foi uma exposição clara de contradição política, jogo duplo e silêncio estratégico.
O prefeito Silvio Mendes (União Brasil) tem denunciado, com razão, um rombo de mais de R$ 3 bilhões nas contas da Prefeitura. Jogou esse número no ar como um alerta institucional. Um grito de crise.
Quando o discurso quer CPI, mas a base corre com medo dela
O grito não ecoou fora do Palácio da Cidade. Quando a oposição propôs a criação da CPI do Colapso, para investigar esse mesmo rombo, quem travou o processo? A base aliada do prefeito.
O líder do governo na Câmara, vereador Bruno Vilarinho (PRD), estava presente na Casa mas não reuniu a bancada, não articulou votos, não convocou ninguém.
Bruno Vilarinho (a direita) e a alta cúpula da gestão de Silvio Mendes em reunião no Palácio da Cidade.
O que é de praxe em qualquer votação estratégica, simplesmente não aconteceu. É como se a gestão dissesse: “tem um rombo, mas não mexam.”
O dilema que ninguém quer encarar
Boa parte dos vereadores que hoje se calam, estavam na base do ex-prefeito Dr. Pessoa ou até faziam parte da gestão anterior.
Ou seja: para instalar a CPI DO COLAPSO, eles próprios teriam que se investigar. Fica evidente que há um conflito de interesses instalado. A CPI DO COLAPSO parece não interessar nem à atual base e nem para alguns poucos que fizeram parte da gestão anterior.
E nesse teatro quem perde é a população, que segue sem respostas, sem prestação de contas e sem qualquer esforço institucional para esclarecer os fatos.
E o PT e MDB votaram a favor por quê?
Aqui entra o detalhe mais irônico de tudo: a maioria dos que assinaram o pedido da CPI DO COLAPSO faz parte do PT e MDB, partidos que integraram a própria gestão passada. Por que eles pediriam a investigação de um governo do qual fizeram parte?
A resposta pode ser simples: ousadia política. Ou então, uma aposta no colapso do adversário. Mas o ponto central permanece: quem votou, pagou para ver. E fez o que era certo.
A CPI DO COLAPSO foi aprovada — mas ainda depende da Câmara
Mesmo com boicote da base aliada e ausência de 15 vereadores, a CPI DO COLAPSO foi oficialmente aprovada após o pedido alcançar o número mínimo de assinaturas. A partir de agora, a Câmara Municipal terá que definir a composição da comissão, o que deve acontecer na próxima semana. A expectativa é de que a formação da CPI revele novas disputas políticas internas, especialmente porque parte dos parlamentares que apoiaram a criação da comissão são da oposição, enquanto os aliados do prefeito se mostraram resistentes ou completamente ausentes, até aqui. Nos bastidores, cresce a pressão para que a CPI não seja apenas um instrumento político, mas uma investigação séria, técnica e transparente sobre o rombo bilionário que assombra as contas públicas de Teresina .
Veja como votaram os vereadores
Quem assinou o pedido da CPI:
Carlos Ribeiro (PDT), Carpejanne Gomes (PODEMOS), Daniel Carvalho (MDB), Deolindo Moura (PT), Draga Alana (PSD), Dudu (PT), Euzuila Calisto (PT), Fernando Lima (PDT), Inácio Carvalho (PT), João Pereira (PT), Joaquim do Arroz (PT), Luís André (PL), Venâncio Cardoso (PT), Zé Filho (PSD)
Quem se ausentou da sessão:
Ana Fidelis (Republicanos), Bruno Vilarinho (PRD), Delegado James Guerra (Avante), Enzo Samuel (PDT), Fernanda Gomes (Solidariedade), Juca Alves (PRD), Lucy Soares (MDB), Pedro Alcântara (PP), Petrus Evelyn (PP), Roncallin (PRD), Samantha Cavalca (PP), Samuel Alencar (União Brasil), Tatiana Medeiros (PSB), Valdemir Virgino (PRD), Zé Neto (MDB)
A sessão foi encerrada em 15 segundos por falta de quórum.
Transparência seletiva não serve à cidade
Se o prefeito quer que a população saiba dos números, por que sua base barra a CPI DO COLAPSO? Se a crise é da gestão passada, por que a base aliada do governo tem medo da investigação? Se os vereadores dizem representar o povo, por que ninguém apareceu para votar?
A resposta é uma só: há mais em jogo do que parece.E ninguém quer puxar esse fio.
O ponto de ruptura
O silêncio da Câmara hoje foi mais revelador do que qualquer depoimento. Teresina vive uma crise fiscal gravíssima. Mas vive, também, uma crise institucional. Porque o que se viu hoje não foi prudência, foi descaso.
O povo precisa saber disso: semana que vem tem nova sessão.E aí, quem vai aparecer?
A CPI DO COLAPSO é o único caminho possível. Ou a Câmara age ou será engolida junto ao rombo que fingiu não ver.
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