Envenenamento: vizinha que teve casa incendiada vai processar Estado e pedir indenização
Defesa de Lucélia Maria vai pedi a antecipação do julgamento e a extinção do processo.
A defesa de Lucélia Maria da Conceição, de 53 anos, que teve sua casa incendiada após ser acusada de envenenar os irmãos Ulisses Gabriel e João Miguel da Silva, em Parnaíba, pretende mover uma ação contra o Estado do Piauí por danos morais e materiais.
Em entrevista à TV Lupa1 o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, informou que inicialmente será solicitada a antecipação do julgamento para que se possa pedir o encerramento do processo contra a mulher.
“Diante do aprofundamento das investigações, incluindo o acesso às confissões dos outros investigados, a defesa entende que a continuidade desse processo é completamente desnecessária, especialmente no que se refere à produção de prova oral, ou seja, os depoimentos testemunhais”, afirmou o advogado.
Ainda de acordo com Sammai, o primeiro passo é obter a absolvição de Lucélia das acusações para, em seguida, ingressar com a ação de indenização contra o Estado.
“Em relação à ação indenizatória, que será movida pela senhora Lucélia contra o Estado do Piauí, ainda é cedo para falar. Apesar de minha cliente ter esse direito, é necessário aguardar uma sentença absolutória. Somente após essa decisão judicial transitada em julgado é que buscaremos as devidas reparações por danos materiais e morais por meio de processos civis”, explicou.
Entenda o caso
Lucélia chegou a ser presa sob a acusação de envenenar as duas crianças, mas foi solta no dia 13 de janeiro por decisão da juíza Maria do Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba, que acatou o pedido de liberdade solicitado pelo Ministério Público. A solicitação teve como base o laudo pericial, que descartou a presença de veneno nos cajus entregues por Lucélia às crianças.
A divulgação do laudo coincidiu com a prisão de Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças, apontado como principal suspeito de um novo caso de envenenamento ocorrido em 1º de janeiro. Neste crime, oito pessoas, incluindo sete membros de uma mesma família, morreram após ingerirem alimentos contaminados com terbufós, um pesticida de alta toxicidade e comercialização controlada no Brasil.
Reviravolta nas investigações
No dia 22 de janeiro, a polícia registrou mais um caso suspeito. Maria Jocilene da Silva, vizinha da família, morreu após ingerir café na casa de Maria dos Aflitos. Jocilene havia sido hospitalizada durante o surto de envenenamento no Ano Novo e, após receber alta, ajudou a cuidar de João Miguel e Ulisses Gabriel no hospital.
Inicialmente, Maria dos Aflitos tentou justificar a morte alegando um infarto, mas exames toxicológicos detectaram traços de terbufós no corpo da vítima. Durante o interrogatório, Maria confessou o crime e revelou que envenenou a vizinha com o intuito de "libertar" Francisco, que já estava preso. Segundo seu relato, ela acreditava que, eliminando pessoas próximas a ele, conseguiria manter o relacionamento.
Motivação
Os investigadores acreditam que os primeiros envenenamentos foram minuciosamente planejados por Francisco, enquanto a morte de Jocilene ocorreu de forma impulsiva e sem planejamento, com Maria dos Aflitos agindo sozinha.
Segundo o delegado Abimael Silva, os primeiros crimes demonstram premeditação, com Francisco no controle das ações, enquanto a morte de Jocilene revela uma execução mais precipitada e desorganizada por parte de Maria.
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