Piauí em números

Número de médicos no Piauí cresce, mas 8 em cada 10 profissionais trabalham na capital

Dados são do estudo Demografia Médica no Brasil, divulgado pela Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira.

12 de setembro de 2023 às 15:40
6 min de leitura

Quase 1,7 mil novos médicos entraram no mercado de trabalho piauiense nos últimos dois anos. Isso representou um aumento de 28,4% do total de médicos no estado, que agora acumula 7.662 profissionais em atuação. Esse crescimento foi refletido na oferta e distribuição de médicos para cada grupo de mil pessoas, saindo de 1,81 para 2,34.

Estudo Demografia Médica no Brasil; números referente ao Piauí e a capital, Teresina - Foto: Divulgação

Os dados são do estudo Demografia Médica no Brasil, divulgado nesta terça-feira (12/09), pela Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira (AMB). O documento mostra que pela primeira vez o Piauí ultrapassou a marca de mais de um profissional para cada grupo de mil cidadãos. Porém, o índice piauiense continua atrás da média nacional, que é de 2,7 médicos por cada mil habitantes.

Esse é o primeiro levantamento realizado à luz dos mais recentes dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo contempla resultados do recenseamento populacional, que contabilizou 10 milhões de pessoas a menos em relação a estimativas anteriores do IBGE. O Brasil tem 545.767 médicos para um total de 203.062.512 habitantes.

Estudo Demografia Médica no Brasil - Foto: Divulgação

A oferta e a distribuição dos médicos no país são analisadas segundo as grandes regiões, unidades da federação e municípios. A comparação do Brasil com outros países, a projeção da oferta de profissionais até 2035, a distribuição de especialistas e de estudantes de medicina completam este material suplementar ao estudo Demografia Médica no Brasil de 2023.

Estudo Demografia Médica no Brasil - Foto: Divulgação

De acordo com o IBGE, a população brasileira cresceu 291%, passando de 51,9 milhões de habitantes em 1950 para 203 milhões em 2022. No mesmo período, o número de médicos saltou de 22,7 mil para 545,7 mil – crescimento de 2.301%. Não se tem essa estatística referente aos estados, no entanto, o levantamento mostra que os médicos estão bem concentrados nas capitais e grandes centros populacionais.

Estudo Demografia Médica no Brasil - Foto: Divulgação

E o Piauí chama a atenção. Dos 7.662 médicos atuando no estado, exatos 6.132 estão trabalhando em Teresina. O dado representa 80% do total, ou seja, de cada dez médicos piauienses, oito estão na capital. É um dos maiores índices do país, ultrapassando a média nacional, que é de 58% dos profissionais nas capitais. De todos os médicos do estado, somente 1.530 estão nos outros 223 municípios do Piauí.

Estudo Demografia Médica no Brasil - Foto: Divulgação

Especialistas: concentrados e para poucos

Quando o assunto são os médicos especialistas, a concentração é bem maior. Enquanto a média nacional é de 2,7 médicos para cada 1 mil habitantes, os especialistas não chegam a dois. No Piauí os dados revelam que existe 1,58 médico a cada mil habitantes, considerando todos os profissionais titulados em pelo menos uma das 55 especialidades médicas reconhecidas e a população conforme o Censo 2022 do IBGE.

Em todas as especialidades estudadas há desigualdade de distribuição de médicos entre as unidades da Federação. Mas, em algumas delas, os médicos estão ainda mais concentrados em certos estados. A taxa de cirurgiões por 100 mil habitantes no Pará (10,46), por exemplo, é seis vezes menor do que no Distrito Federal (60,84).

A densidade de anestesiologistas no Maranhão (4,40 por 100 mil), em outro exemplo, é cinco vezes menor que no Rio de Janeiro (22,54 por 100 mil). Já a média nacional de Medicina de Família e Comunidade, uma das especialidades demandas nos serviços de Atenção Primária, é de apenas 5,54 para 100 mil habitantes, sendo que 15 estados estão abaixo dela.

No Piauí, os números entre os especialistas são: médicos cirurgiões são de 17,22 para cada 100 mil habitantes; Anestesiologia são 7,7 para o mesmo grupo de moradores; Ginecologia e Obstetrícia são 33,08 para cada 100 mil; Pediatria são 43,8 para cada 100 mil piauienses; Clínica Médica são de 15,08 e Medicina de Família e Comunidade somente 1,22, sendo o terceiro pior índice do país.

Defasagem na oferta de residência médica em relação à oferta de graduação

Ao analisar a evolução nacional da taxa de estudantes de medicina por 1.000 habitantes, comparada à taxa de médicos cursando Residência Médica (RM) por 1.000 habitantes (Figura 8), percebe-se grande defasagem entre a oferta do ensino de graduação (1,05 estudantes por 1.000 habitantes em 2021) e a oferta da formação especializada (0,21 médicos residentes por 1.000 habitantes).

De 2015 a 2023 houve aumento de 57% na oferta de vagas de RM no Brasil, passando de 29.696 para 46.610 vagas, considerando médicos cursando programas de R1 a R6.

Entretanto, a disponibilidade de vagas de primeiro ano de residência (R1) não tem sido suficiente para acompanhar o aumento do número de médicos graduados. Além disso, a oferta continua concentrada. São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm juntos mais de 60% das vagas de RM.

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