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Influência digital e Política: O caso Felipe Neto e a queda das ações da Mondelès

16 de outubro de 2023 às 22:24
3 min de leitura

Na última terça-feira, dia 10, o influente youtuber brasileiro Felipe Neto, que conta com uma impressionante base de 45 milhões de seguidores, participou de sua primeira entrevista em um podcast. Essa tão esperada entrevista se destacou, já que Felipe Neto é uma das maiores celebridades da internet brasileira. O evento contou com o patrocínio do Chocolate Bis, uma marca tradicional no mercado brasileiro que faz parte do portfólio da gigante mundial Mondelès.

No entanto, mesmo após passados 10 meses das eleições brasileiras, os desafetos virtuais de Felipe Neto ainda não esqueceram sua postura nos últimos quatro anos. Durante esse período, ele utilizou seu canal e sua influência online para atacar diretamente o governo Bolsonaro e seus apoiadores, empregando diversas táticas, incluindo incitação a cancelamentos e manifestações.

Nesse contexto, a entrevista desencadeou um amplo boicote nas redes sociais direcionado à marca que, de forma inadvertida, patrocinou o evento. Felipe Neto possui milhões de seguidores nas redes sociais e um grande poder de influência. Contudo, a marca não parece ter feito um planejamento adequado ou subestimou a dimensão da batalha política que, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, está em curso.

Há situações em que o marketing se beneficia da discussão, quer seja positiva ou negativa, mas esse não foi o caso. Neste episódio, a empresa errou, e, sem dúvida, haverá consequências. É importante ressaltar que a internet tende a ampliar os eventos, e, por coincidência, a Mondelès observou uma acentuada queda em suas ações poucos dias após o incidente. Entretanto, é necessário compreender que correlação não implica causalidade, e, em termos econômicos, diversos fatores influenciam o desempenho de uma empresa.

Em 2022, a empresa apresentou a seguinte divisão estimada do lucro operacional (receitas - custos dos produtos vendidos - despesas com vendas, gerais e administrativas) por país:

  • Estados Unidos: 35.6%
  • China: 10.3%
  • Alemanha: 5.9%
  • Reino Unido: 4.4%
  • França: 4.1%
  • Brasil: ???

A representatividade de toda a América Latina no lucro operacional da empresa foi de 388 milhões de dólares, o que equivale a menos de 10% do total. Isoladamente, o Brasil não se encontra entre os cinco principais contribuintes, conforme mencionado anteriormente.

A conclusão a que chegamos é que, de fato, houve um prejuízo incalculável para a marca Bis ao se envolver em uma discussão política. Contudo, a relação entre esse incidente e os valores da empresa proprietária da marca, bem como seu desempenho na bolsa de valores, parece ser inexistente.

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