Destruição do PSDB em Teresina é culpa coletiva de tucanos que não honraram legado do partido
A grande verdade é que o tucanato de Teresina morreu pela pouca disposição daqueles que eram seus grandes quadros.
O desfecho infeliz do partido que dominou a política de Teresina nos últimos 30 anos não é culpa somente de um, dois ou três personagens. A desistência da pré-candidatura do ex-senador João Vicente Claudino a prefeito é apenas o capítulo mais recente da fossa em que se meteu o PSDB na capital, mas está longe de ser a principal causa. Os culpados não são apenas os personagens da querela mais recente, e sim tantos outros.
Com uma marca de gestões bem sucedidas e uma sequência incrível de sete vitórias em Teresina, o PSDB reinava quase absoluto na capital de um estado dominado pelo lulopetismo há mais de duas décadas. Ao longo dos anos, dezenas de nomes, alguns políticos e muitos técnicos, ficaram conhecidos pela atuação nas gestões do PSDB. O "tucanato mafrense" parecia se orgulhar do partido e da história que ele construiu.
Enquanto o PSDB estava por cima, todos estavam lá. Porém, bastaram as primeiras tempestades para que muitos fossem mostrando que o interesse pessoal prevalecia sobre a história que tanto diziam honrar. O primeiro baque foi a derrota do partido nas eleições de 2020. Ali alguns já começaram a mostrar a cara e se aliaram ao grupo que derrotou a sigla. O outro grande baque – e esse sem precedentes – foi a morte de Firmino Filho, maior líder político do partido e prefeito de Teresina por quatro vezes.
Foi após a morte de Firmino que ficou evidente o pouco apreço que grande parte dos tucanos tinha pela história que o partido construiu ao longo de mais de 30 anos. Na ausência de um líder, o ninho virou uma bagunça.
Começaram os desentendimentos, as posições divergentes e as saídas do partido. Em vez de se disporem a buscar união e superar conflitos em defesa do legado da sigla, os tucanos começaram um verdadeiro processo de autofagia e aos poucos foram deixando a legenda. Muitos se debandaram para o lado do PT, buscando padrinhos num espectro político que sempre se opôs ao partido. Outros foram para o União Brasil, para o Progressistas. Alguns se recolheram. E ninguém foi capaz de promover a união. Nem mesmo a dor da perda do maior líder foi suficiente.
Nas eleições de 2022 isso ficou evidente: se um tucano simpatizava com Lula e outro com Bolsonaro, já era razão para trocarem críticas públicas, se acusarem e até deixarem o partido. Pensar no PSDB, poucos pensavam.
Nessa briguinha provinciana, cada um foi procurando um rumo e esvaziando o partido que diziam se orgulhar de pertencer. A divisão foi um prato cheio para grupos que sempre rivalizaram com o partido e que hoje, sob o caixão do PSDB, amenizam o passado de críticas e até tentam se valer de um legado que tanto combatiam. Porém, diga-se, fazem isso porque encontram guarida no comportamento de tucanos e ex-tucanos que ajudaram a levar o partido ao fundo do poço.
Se o PSDB está hoje na fossa, é culpa de muitos. De muitos que saíram, mas também de outros que ficaram. Edson Melo, Washington Bonfim, Francisco Canindé, Sílvio Mendes, Marden Menezes, Fernando Said, Samuel Silveira, Paulo Dantas e muitos outros têm parte da culpa. Hoje, nenhum deles é mais do PSDB e pouco ou quase nada fizeram para manter a união em meio às divergências de pensamento. Lucy e Bárbara [embora não fossem do PSDB desde quando Firmino era vivo], também têm grande culpa pelo enorme estrago causado no legado tucano. Luciano Nunes também se incumbiu de dar sua contribuição para a derrocada. No fim das contas, nenhum deles brigou, de fato, pelo PSDB.
A grande verdade é que o tucanato teresinense morreu pela pouca disposição daqueles que eram seus grandes quadros. Birrados com o coleguinha, muitos preferiram encerrar a brincadeira do que tentar a pacificação. O PSDB da capital se acaba por pura mesquinhez de muitos dos que diziam ter orgulho de ser tucanos.
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