Municípios

Sindicato denuncia prefeitura de Pimenteiras-PI por descumprimento de lei sobre jornada de professor

O relatório de uma CPI da Câmara de Vereadores do município apontou uma série de possíveis irregularidades

08 de julho de 2025 às 17:47
5 min de leitura

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Pimenteiras (SINDSEMPI) ajuizou uma Ação Civil Pública contra o Município de Pimenteiras, administrado pela prefeita Lúcia Lacerda, e a secretária municipal de Educação, Ana Cleide Galdino Loiola, cobrando o cumprimento de dispositivos legais que regulamentam a jornada de trabalho dos professores efetivos da rede municipal.

Lúcia Lacerda, prefeita de Pimenteiras-PIReprodução do Instagram

A ação, protocolada na Vara Cível de Valença do Piauí, pede a condenação do município a implementar, de forma imediata e permanente, o chamado segundo turno para docentes com carga horária de 20 horas semanais, conforme previsto em lei local.

Segundo o sindicato, uma emenda aprovada em 2010 alterou o Plano de Carreira, Cargos, Vencimentos e Remuneração dos Profissionais da Educação do município. A nova redação do artigo 92 da Lei Municipal nº 407/2010 estipula que professores efetivos em regime de 20 horas podem ter o segundo turno concedido obrigatoriamente, desde que atendam a critérios de necessidade administrativa e formação específica. O dispositivo visa ampliar a carga para até 40 horas semanais, assegurando melhores condições salariais e aproveitamento dos servidores efetivos.

A petição aponta, porém, que a Prefeitura tem descumprido sistematicamente essa obrigação legal. Em vez de ofertar o segundo turno aos efetivos, a administração estaria privilegiando contratações temporárias sem processo seletivo público. O sindicato alega que essa prática fere os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, além de caracterizar desvio de finalidade administrativa.

Relatório da CPI

A peça inicial traz ainda o resultado de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pela Câmara Municipal de Pimenteiras. Segundo o relatório, teriam sido identificados casos de nepotismo, servidores em desvio de função, pagamentos sem respaldo contratual e contratação temporária irregular para funções típicas de servidores efetivos. O documento detalha, ainda, pagamentos feitos sem controle de jornada e até mesmo em espécie, indicando um padrão de gestão que violaria os preceitos básicos da administração pública.

AIJE

Outro elemento apresentado na ação é uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) em tramitação na 89ª Zona Eleitoral de Valença do Piauí. Essa ação apura suspeitas de abuso de poder político e econômico, por meio da contratação de prestadores de serviço em ano eleitoral sem concurso ou processo seletivo, supostamente para ampliar a base de apoio político do grupo no poder.

O sindicato sustenta que não há justificativa técnica ou orçamentária para negar o segundo turno aos efetivos, afirmando que a opção deliberada pela contratação temporária visaria beneficiar aliados políticos, comprometendo a qualidade da educação e os direitos trabalhistas dos profissionais da rede municipal.

Entre os pedidos apresentados à Justiça estão a concessão de tutela antecipada para obrigar o município a implementar imediatamente o segundo turno, a suspensão de todas as contratações temporárias para funções docentes enquanto houver efetivos aptos e disponíveis, e a elaboração de um cronograma público e fundamentado para as convocações. A ação também requer a imposição de multa diária de dois mil reais por eventual descumprimento da decisão judicial e o pagamento de cinquenta mil reais a título de indenização por danos morais coletivos, a serem revertidos ao Fundo Municipal de Educação.

A Justiça ainda não apreciou o mérito da ação, que segue em tramitação, nem houve manifestação pública por parte da prefeita Lúcia Lacerda, nem da secretária de Educação, Ana Cleide Galdino Loiola.

Siga nas redes sociais

Veja também

Dê sua opinião

Tv Lupa 1

Veja todas