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Setembro Amarelo: Piauí é 3º estado com maior número de suicídios do Brasil

O escritor Alex Sampaio deu entrevista ao Lupa1 onde discute sobre valorização da vida e medidas que contribuem para a redução de suicídios no estado.

08 de setembro de 2023 às 13:49
6 min de leitura

O escritor e conselheiro municipal Alex Sampaio, autor do livro “Ressuscito na cidade suicida”, concedeu entrevista ao Lupa1 na manhã desta sexta-feira (08), e conversou sobre o Setembro Amarelo, campanha mundial de prevenção de suicídio. O autor destacou que o livro obedeceu às orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre suicídio.

Conselheiro municipal e escritor Alex Sampaio. - Foto: Lupa1

O conselheiro municipal explica que os casos de suicídio, no Piauí, são subnotificados e a questão não é discutida da forma correta, agravando o problema que é considerado um tabu social. Muitas famílias até sentem vergonha de comentar, com o intuito de preservar a identidade da vítima.

“O estado do Piauí, em números proporcionais, tem números alarmantes e ao longo das nossas vidas nos deparamos com essa problemática. Costumo dizer que todo mundo conhece alguém, ou conhece alguém que conhece alguém que morreu por suicídio, mas poucas pessoas conhecem alguém que morreu por assassinato”,

Espaços públicos

O escritor, que também é pós-graduando em prevenção e prevenção do suicídio, explica que uma rede de apoio social ajuda na proteção ao comportamento suicida, justificando que a perda de identidade cultural pode impactar diretamente nos casos de suicídio em Teresina. “Existe uma demanda cultural na questão do suicídio e é pouco falado, a cultura influencia nisso nos costumes, as formas que as pessoas convivem contribui com isso. Porque na realidade suicídio não é um transtorno, é um comportamento”, pontuou.

Praça Pedro II, Teresina. - Foto: Thiago Rodrigues/Lupa1

Alex afirma que ocupar a cidade através da arte e da produção cultural, os números de suicídio podem diminuir na capital. O conselheiro afirma que quando uma pessoa que tem tendências suicidas está em convivência, seja ela em espaços religiosos, culturais, escolares e de trabalho, esses números não aumentam.

De acordo com o escritor, espaços públicos em Teresina são usados como corredores urbanos, mas não existe uma convivência em comunidade. Alex reforça que espaços como praças e parques deveriam ser mais ocupados por pessoas, pois a troca social dentro destes locais ajudam no combate do comportamento suicida.

Poder público

Quando indagado sobre a atuação do poder público na problemática do suicídio, Alex Sampaio diz que praticamente nada é feito, considerando omisso a participação das autoridades. “O Piauí é o terceiro do Brasil com maiores índices de suicídio em números proporcionais. Em segundo lugar tá Santa Catarina e em primeiro lugar Rio Grande do Sul. Claro que o estado do Rio Grande do Sul tem mais pessoas que o Piauí, mas aqui as pessoas morrem mais por suicídio”, explica.

Alex explica que a questão é pouco discutida, pois as pessoas têm medo de que, só o fato de comentar sobre o assunto, pessoas com tendências suicidas podem tirar a própria vida. Ele explica que se o assunto for falado de forma inadequada pode ser gatilho para aqueles vulneráveis, mas se o tema for abordado da forma correta existe a prevenção.

O escritor argumenta que os meses de janeiro e setembro são usados como campanha no cuidado da saúde mental, mas que o poder público deve atuar em todos os meses do ano para reduzir os números alarmantes. “Aqui no Piauí o que existe é uma lei de posvenção, no município de Teresina. Uma grande amiga minha perdeu uma filha pelo suicídio e ela encampou esse projeto na câmara municipal, mas fora isso não existem outras leis”, disse.

Prevenção

Já no final da entrevista, o escritor Alex Sampaio explica que o tratamento para distúrbios mentais hoje em dia é caro e que o poder público deve atuar de forma mais firme nessas situações. Ele também explica que em algumas situações aquele indivíduo que está sofrendo com problemas psicológicos muitas vezes não procura ajuda médica, contribuindo com o alto índice de suicídios no estado.

“Quando você tá com problema de pressão alta você vai em busca do profissional, e todo mundo briga com você para ir atrás de um profissional. Já quando você está com um sofrimento, ainda que não seja algo grave, as pessoas já falam que você está ficando doido por ter ido atrás de um psicologo”, explica.

Confira a entrevista na íntegra

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