Piauí deve fechar 2023 com maior safra de grãos de todos os tempos
São quase 6,7 milhões de toneladas, um crescimento de 11,3% em relação a safra anterior.
A um mês do fechamento da safra deste ano de 2023, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta para o que já vinha sendo comemorado no agronegócio: os produtores estão colhendo o maior volume de grãos de toda a história do Piauí. São quase 6,7 milhões de toneladas, um crescimento de 11,3% em relação a safra anterior. Trata-se da quarta maior safra das regiões Norte e Nordeste, atrás apenas de Bahia, Tocantins e Maranhão.
Os números estão no 11º levantamento da Safra de Grãos, divulgado na quinta-feira (10), e revelam que a comemoração também é de todo país. Ou seja, a estimativa para a produção de grãos na safra 2022/23 do país é de 320,1 milhões de toneladas, um incremento de 17,4%, representando um volume de 47,4 milhões de toneladas a mais que o volume colhido no ciclo passado.
“Esse volume se deve, principalmente, ao avanço da colheita do milho segunda safra que vem apresentando produtividades superiores às inicialmente previstas, aliado ao melhor desempenho das culturas ainda em campo. Portanto, reforça o recorde da safra brasileira de grãos”, explica o presidente da Conab, Edegar Pretto.
Esse pensamento também é compartilhado e percebido por Alzir Neto, presidente da Associação de Produtores de Soja do Piauí. Segundo ele, o Estado ainda tem uma potencialidade muito grande em todo o seu território, não mais apenas no concentrado na região do cerrado. Para Alzir, em pouco tempo o Piauí conseguirá alcançar uma safra de mais de sete milhões de toneladas de grãos.
“Temos um potencial de mais de 4 milhões de hectares. A Bahia já chegou praticamente no seu limite, e a menos que consiga evoluir nessa parte de irrigação das regiões mais áridas é que pode expandir mais. Já o Piauí então tem 4 milhões de hectares só no Cerrado, só essa região já passaria a área agrícola da Bahia e do Maranhão”, destacou, ressaltando que no máximo em dois anos o Piauí passa em área plantada do Maranhão.
Sobre a potencialidade do agronegócio piauiense, Alzir comenta que atualmente o estado tem capacidade de chegar a quatro milhões de hectares só no cerrado. Com algum crescimento para a região do semiárido, em perímetro irrigado e se tiver mais crescimento no Médio Parnaíba, região Regeneração e mais um pouco no Norte. Porém, tudo depende de análise das terras.
“Acredito tranquilamente que o Piauí algo em torno desse número aí de 4 milhões de hectares com folga. Temos experiência pessoal em nisto produzindo em áreas de todos esses tipos, todas elas produzem muito bem com uso de técnica e com a sua conformação”, acrescentou.
Alzir Neto também ressaltou que esse ano, só de soja, os produtores piauienses estão colhendo mais de 3,5 milhões de toneladas de grãos, 17,8% a mais que a safra passada.
Esse bom resultado do agronegócio piauiense, bem como do nacional, principalmente no que diz respeito a safra, é constante, tendo em vista que o setor primário foi o que teve menor impacto com a pandemia da Covid-19. De acordo com o presidente da Aprosoja Piauí, isso ocorreu por dois simples motivos.
“Primeiro, que é o setor mais isolado. Nós estamos longe dos centros urbanos, na zona rural. Não houve a necessidade de ter um isolamento ou um fechamento completo das unidades produtoras em razão justamente distanciamento social que já existe na área rural. Os índices e tudo mais de contaminação de mortalidade foram muito baixos no meio rural. O segundo aspecto é porque é o setor que de fato mantém o abastecimento da população na totalidade”, detalhou.
Mercado
Conforme levantamento, a Conab mantém a projeção de exportações recordes não só para soja em grãos, mas também para farelo e óleo. Para o produto em grão é esperado que sejam embarcadas aproximadamente 95,64 milhões de toneladas, 17 milhões a mais que em 2022.
As estimativas também apontam que 21,83 milhões de farelo e 2,60 de óleo tenham como destino o mercado internacional. Diante deste cenário, os estoques finais da oleaginosa devem ficar em torno de 7,17 milhões de toneladas. No Piauí, cerca de 90% das exportações são do agro, tendo o mel e a soja como os carros chefes. Os produtos piauienses são comercializados para pelo menos 30 países, entre eles Estados Unidos e China.
Estimativa recorde também para as exportações de milho. Com a demanda externa pelo cereal brasileiro aquecida, a projeção é que 50 milhões de toneladas sairão do país. Confirmado o resultado, o volume exportado pelos agricultores brasileiros na safra 2022/23 será maior que as exportações realizadas pelos Estados Unidos. Ainda assim, a produção recorde do grão permite que haja uma recuperação de 30% nos estoques ao fim do atual ano safra, sendo estimados em 10,5 milhões de toneladas.
Com mais de 70% da safra de algodão comercializada, é esperada que as vendas da pluma ao mercado externo cheguem a 1,7 milhão de toneladas. Em julho deste ano, as exportações do produto atingiram 72,6 mil toneladas, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Esse volume só é inferior a 2020, quando foram exportadas 77,3 mil toneladas. Para o estoque final da atual safra, a expectativa da Conab é ficar em torno de 1,95 milhão de toneladas, crescimento de 49,4% em relação à temporada anterior.