Crimes de maus tratos a animais no Piauí crescem quase 28% em 2023
Conforme a Secretaria de Segurança Pública, até agosto deste ano, um total de 359 Boletins de Ocorrência desse tipo de crime foi registrado.
A imagem de dois Pit bulls atacando e matando um outro cachorro, amarrado a um poste, em Luís Correia, no litoral piauiense, não doeu apenas no animal, mas na maioria das pessoas que receberam o vídeo, pelas redes sociais. A dor foi de revolta e indignação de mais um caso de maus tratos a animais ocorrido no Estado. Na verdade, os números têm batido recorde esse ano.
Conforme a Secretaria de Segurança Pública, até agosto deste ano, um total de 359 Boletins de Ocorrência desse tipo de crime foi registrado na Delegacia de Meio Ambiente e Proteção Animal. Esse número representa um aumento de quase 27% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram anotados menos de 290 casos de maus tratos a animais.
O caso de Luís Correia ainda não entrou para essa estatística assustadora. Porém, mostra que casos assim, continuam acontecendo, e as pessoas estão apenas filmando, inertes, na maioria das vezes sem fazer nada. Só 2023, já vimos imagens de rinhas de galos apreendidas pela polícia, circuito de segurança flagrando caminhão do lixo atropelando cachorro e gari jogando-o na caçamba, ainda vivo, e até mãe incentivando filho a bater em um cãozinho.
“Eu acredito que os maus tratos sempre existiram. Mas, hoje, com a facilidade que temos em denunciar e expor através dos meios de comunicação, estamos tendo ciência de que essas práticas são mais comuns do que imaginamos. Além disso, com o enrijecimento das leis e a cobrança da sociedade, as pessoas estão tomando mais consciência de que animal é um ser vivo, e não um objeto”.
A afirmação é da ativista Daniela Ramos, que por nove anos foi presidente da Apipa, que é a Associação Piauiense de Proteção aos Animais, e que continua como colaboradora da entidade, que acolhe e cuida de animais abandonados e vítimas de maus tratos. Atualmente, o abrigo cuida de 250 animais, entre gatos e cachorros, onde quase a totalidade chegaram lá por algum motivo de maus tratos, seja abandono ou violação dos direitos.
De acordo com levantamento do Instituto Pet Brasil (IPB), entidade que estimular o desenvolvimento do setor de produtos e serviços para animais de estimação. o país tem quase 185 mil animais abandonados ou resgatados após maus-tratos que estão sob tutela de Organizações Não Governamentais (ONGs) ou de grupo de protetores, sendo 96% cães (177.562) e 4% gatos (7.398).
Ainda conforme a pesquisa, feita pelo IPB com 400 ONGs, cerca de 60% desses animais foram vítimas de maus-tratos, enquanto 40% foram encontrados em situação de abandono. O Conselho Federal de Medicina Veterinária, descreve como maus tratos qualquer ato, direto ou indireto, comissivo ou omissivo, que intencionalmente ou por negligência, imperícia ou imprudência provoque dor ou sofrimento desnecessários aos animais.
Privação de bem-estar, lesões físicas, desnutrição ou obesidade, espaços em condições precárias de higiene, abandono e alterações comportamentais, como agressividade e depressão, configuram atos de maus-tratos contra os animais. Para a médica-veterinária e psicóloga Mariângela Souza, presidente da Comissão Estadual de Médicos-Veterinários de ONGs do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), as ações das autoridades para combater a crueldade animal ainda são pouco efetivas.
“É preciso identificar e combater, com rapidez e com rigor, práticas de abuso, agressão, negligência e crueldade dirigidos aos animais, por meio de leis específicas e de políticas públicas assertivas por parte das autoridades. É uma questão fundamental e prioritária de saúde única”, afirma a médica-veterinária.
Investigação:
Sobre o caso do litoral, Não há informações sobre se os animais eram criados pertenciam ao mesmo dono. A Polícia Civil informou que está ciente do caso e está em busca da identificação dos responsáveis pelos animais. Os tutores podem ser responsabilizados por crime de maus-tratos, conforme a legislação em vigor.
A Delegacia Seccional de Luís Correia informa que já tomou conhecimento de vídeo divulgado em redes sociais mostrando suposta prática de maus tratos a animais. Informa, ainda, que o fato já está sendo apurado e diligências já estão sendo feitas a fim de identificar os envolvidos e promover a responsabilização cabível. A unidade policial reforça seu compromisso com a segurança de toda a nossa comunidade, inclusive, aqui, a proteção aos animais que dela fazem parte.
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