Coluna Política em Pauta

Júnior Santos

Saiba porque, após 32 anos, PSDB não elegeu nenhum vereador em Teresina

Candidato mais votado teve 179 votos. Partido já obteve a maior votação para vereador da história com Firmino Filho em 2008.

08 de outubro de 2024 às 09:11
4 min de leitura

O PSDB manteve a tradição de eleger vereadores em Teresina desde 1992, quando o ex-prefeito Raimundo Wall Ferraz deixou o PMDB para iniciar a trajetória tucana na capital. Logo em sua primeira legislatura, a sigla elegeu cinco vereadores, o mesmo número de parlamentares que o histórico Partido da Frente Liberal (PFL) obteve na época.

Reunião de anúncio de chapa proporcional do PSDB em Teresina. Foto: Ezequiel Sá / Lupa1

Em 2024, após oito legislaturas de forte representação, o PSDB disputou o pleito proporcional em um cenário totalmente esfacelado. O mesmo partido em que o ex-prefeito Firmino Filho obteve a maior votação para vereador da história, com 19.451 votos em 2008, viu, neste ano, o candidato mais votado, Dr. Livio Machado, receber apenas 179 sulfrágios.

As razões para esse resultado tão inexpressivo já haviam sido antecipadas, inclusive por uma das principais lideranças do partido, o vereador Edson Melo. A principal causa: um racha profundo entre as forças internas da sigla. O partido se dividiu após o presidente estadual, Luciano Nunes, desistir de sua candidatura à prefeitura para articular apoio ao PT. Por outro lado, Edson Melo defendia que o partido lançasse uma candidatura própria ou, ao menos, se alinhasse ao candidato Silvio Mendes (União).

Vereador Edson Melo - Foto: Andressa Martins/ Lupa1

PSDB chegou a ter representação majoritária no ex-senador João Vicente Claudino (sem partido) que também desistiu e no fim migrou para o grupo do petista Fábio Novo. O advogado Jorge Lopes (PSDB) ainda se lançou candidato a prefeito e tentou, pela última vez, organizar a chapa proporcional do partido, mas sua tentativa foi infrutífera. Nos últimos dias antes do fim do prazo de filiações, havia uma grande incerteza sobre a possibilidade do PSDB conseguir, sequer, formar uma chapa de vereadores.

João Vicente e Jorge Lopes. Foto: Montagem / Lupa1.

O sepultamento do PSDB foi selado no dia 12 de julho, durante um evento realizado no prédio da Plug Propaganda, quando o partido "oficializou" sua adesão ao grupo político de Fábio Novo. O ato foi conduzido por Luciano Nunes e pelo ex-vereador Fernando Said. Contudo, essa decisão não estava alinhada com os candidatos a vereador que, nos bastidores, mantinham uma ponte de diálogo com Silvio Mendes.

Candidatos a vereador do PSDB apoiaram Silvio Mendes, após adesão do partido ao PT. Foto: Reprodução.

Com nomes pouco conhecidos do eleitorado, fortemente divididos pela insistência em apoiar seu histórico rival em Teresina, e sem fundo eleitoral ou tempo de propaganda relevantes, o resultado de fracasso estava inevitavelmente desenhado – o que se confirmou nas urnas.

Lideranças do PSDB e Cidadania aderiram ao PT de Fábio Novo. Foto: Reprodução.

“Eu vou ficar até o final, vou apagar a luz, nem que seja apagar a luz, mas vou sair com hombridade, jamais com traição. O povo, de uma maneira geral, sabe de quem sai da oposição para o governo, nem que não tenha sido comprado, para o povo foi. Não tenha dúvida, e eu não vou entrar nesse hall. Ninguém sabe o que aconteceu nos bastidores, mas está se evidenciando muitos tipos de negociações escusas. Então, isso eu não entro, vou encerrar minha carreira política com dignidade”, afirmou Edson Melo.

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