Piauí em números

Dia Mundial sem Carro: levantamento mostra que existe um veículo para cada 2,7 piauienses

O estudo foi realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e divulgado nesta sexta-feira, 22 de setembro.

22 de setembro de 2023 às 20:14
6 min de leitura

Enquanto a humanidade e boa parte dos estados do Brasil caminham para uma maior sustentabilidade no trânsito, com a oferta maior de transportes coletivos e ciclovias, por exemplo, o Piauí tem andando na contramão. E nesta sexta-feira, 22 de setembro, quando se celebra o Dia Mundial sem Carro, um estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) confirma essa tendência.

O levantamento destaca que o Piauí já possui um veículo a cada 2,7 pessoas. Número equivalente a média do país: 2,1 por habitantes. E isso com perdas econômicas de aproximadamente R$ 247,2 bilhões, por problemas na mobilidade urbana em todo o território nacional. Na divisão de automóveis e motos, as médias piauienses ficaram em um veículos a cada 7,73 e 4,19 habitantes, respectivamente.

Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM)


A ideia dessa data é mostrar ações para incentivar as pessoas a deixarem seus veículos motorizados na garagem, como forma de conscientizar sobre o uso excessivo desses meios de transporte e estimular a utilização de conduções coletivas e sustentáveis. Mas, o que se viu no Piauí, mais especificamente em Teresina, são engarrafamentos por diversas ruas.


É visível a falta de ônibus coletivo na maioria das cidades piauienses. Em Teresina, então, nem se fala. Desde 2018, quando se iniciou o desmonte da rede de transporte coletivo, com o fim das integrações e falta de investimentos, que ocasionou no abandono e depredação das paradas, que foram construídas para o sistema.

A frota que antes era de quase 450 ônibus, hoje não chega a 200 rodando. A prefeitura de Teresina anunciou, também nesta sexta, a abertura de licitação para a compra de 120 ônibus novos e 80 seminovos para compor as frota. A licitação vai custar R$ 120 milhões Contudo, usuários afirmam que a superlotação, paradas sem estrutura e má condições de ônibus afetam a mobilidade urbana.

O superintendente da Strans, Bruno Pessoa, pede paciência a população e afirma que no início da gestão, em 2021, havia cerca de 130 ônibus e a prefeitura dobrou esse número. "Tudo ocorrendo como programado, vamos chegar a mais de 400 veículos, todos com acessibilidade, conforto e, principalmente, segurança para o usuário do transporte público", disse.

Ainda conforme a Strans, a prioridade do sistema atual é aumentar a quantidade e frequência de viagens feitas pelos ônibus, passando de 1,5 mil viagens que são feitas hoje, pelo transporte público, para mais de 2,2 mil, nos horários entre pico. Mas, para quem tá na ponta, ou melhor, na parada, não dá mais para esperar.

"Olha, eu já não acredito mais no que prometem. Entra governo e sai governo e a situação é a mesma, eu vou esperar pra ver acontecer. O que a gente tá passando não existe, mais de duas horas esperando um ônibus em uma parada que nem tem cobertura em pleno B-R-O-Bró", reclamou Maria Oliveira, dona de casa, em entrevista a um canal de tv.

O levantamento feito pela CNM mostra crescimento da frota de veículos e o impacto negativo nos Municípios foi produzido com base nos dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) coletados até julho deste ano. De acordo com o estudo, são aproximadamente 120 milhões de veículos, número que aponta crescimento de 35% em 10 anos, quando a frota era de 80 milhões.

“É preocupante o aumento de veículos nas ruas que são responsáveis pela poluição, prejudicam a saúde da população, trazem outros transtornos no trânsito, além do impacto financeiro nos Municípios, que na maioria das vezes não têm estrutura para receber esse fluxo intenso”, destaca o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM)


Os dados do levantamento também evidenciam a preferência de 52% dos condutores por uso de carro particular. A utilização da moto vem logo em seguida, com 28% e a escolha pelo transporte coletivo representa apenas 1% da frota. Apesar do pouco interesse pelos ônibus, essa opção tem uma participação na distribuição de viagens (quantidade de passageiros transportados no sistema/dia) em torno de 24% a 26%.

E a falta de ônibus, bem como de outro sistema de transporte coletivo, fez com que a frota do Piauí de automóvel crescesse mais que a de moto, desde 2017. De lá para cá, o número de carros cresceu em 27,2%, com um total de 304.351 novos veículos circulando no Estado. Isso equivale a um novo automóvel rodando a cada dez minutos. Já a frota de moto teve alta de 24%, no mesmo período.

Sinistros

Os sinistros de trânsito podem ser definidos como todo evento que resulte em dano ao veículo ou à sua carga ou mesmo em lesões a pessoas e animais, além de dano material ou prejuízos ao trânsito. Eles geram custos diretos e indiretos para os envolvidos, o poder público local e a sociedade em áreas como saúde, previdência, seguros, reparos, perda de produtividade, entre outros. Nesse aspecto, a Confederação evidencia que o custo anual chega a R$ 50 bilhões para o país.

Levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM)
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