São Raimundo Nonato: disputa para 2024 começa dentro da Prefeitura
Na base aliada da prefeita Carmelita são pelo menos seis nomes citados; clã dos Ferreiras torce por racha.
As eleições de 2024 já dão a tônica dos bastidores políticos nas principais cidades do interior do Piauí. Em São Raimundo Nonato, a 530 km de Teresina, a principal discussão sobre o próximo pleito eleitoral é quem será o candidato da atual prefeita Carmelita Castro (PT), que está no segundo mandato à frente da gestão municipal.
Prefeita Carmelita (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)
Enquanto a oposição é capitaneada pelo tradicional grupo político dos Ferreiras, que tem naturalmente o ex-prefeito Avelar Ferreira como possível candidato, na base aliada da prefeita não faltam nomes. São ao menos seis pretensos candidatos no grupo de Carmelita. E essa ‘disputa interna’ abriu a possibilidade de racha no esquema governista, embora publicamente o discurso adotado seja o de harmonia e união.
O vice quer ser prefeito
Um dos principais personagens das discussões no grupo de Carmelita é o vice-prefeito Rogério Castro (MDB), primo do senador Marcelo Castro (MDB). O grupo do senador foi decisivo para as duas eleições de Carmelita e agora quer que ela retribua apoiando Rogério.
O vice-prefeito saiu ainda mais fortalecido nas eleições de 2022, quando apoiou Castro Neto (PSD) para deputado federal na região. No MDB, tanto Marcelo quanto Castro Neto entendem que chegou a hora e a vez de Rogério Castro.
Vice-prefeito Rogério Castro (Foto: Reprodução/Facebook)
Os olhares dessa ala da família Castro para a prefeitura vêm desde a eleição municipal de 2020, quando o Rogério disputou a indicação da candidatura de vice com o então vice-prefeito Beto Macedo, que acabou sendo preterido devido à força do senador Marcelo Castro a favor do primo. O desejo da família de colocar Rogério como vice no segundo mandato da prefeita já era a clara sinalização do interesse para 2024.
O grande problema é que, segundo fontes ouvidas pela reportagem, Rogério não é, pelo menos hoje, o nome da predileção de Carmelita. Outros cinco ligados à prefeita também querem a cabeça de chapa. São eles: o primo Nazareno Castro, o vereador Nunes de Jesus, a secretária de Turismo Isadora Menezes, o vereador Luciano Filho e o ex-secretário de Saúde Jussival Júnior. Hoje, segundo as mesmas fontes, Nazareno é o nome mais forte na preferência da prefeita. Ele é considerado um “braço-direito” de Carmelita.
Os seis nomes ventilados no grupo da prefeita
Pode ter racha?
Em São Raimundo, a maioria das fontes ouvidas afirma que o grupo de Rogério Castro rompe com a prefeita caso ele não seja escolhido. A avaliação é que Rogério reuniu todas as condições para ser um candidato competitivo e que apostará em uma candidatura com ou sem o apoio de Carmelita. Antes de ser vice-prefeito, ele foi diretor do Hospital Regional Senador Cândido Ferraz, de onde saiu bem avaliado.
A oposição, liderada pelos Ferreiras, aposta em rompimento na base da prefeita. Embora as partes não admitam publicamente, existe, inclusive, a abertura de diálogo entre a oposição e Rogério. Gente de ambos os lados admite serem conversas muito prematuras, mas não descartam uma composição em que caso de racha. Demonstrar que não há nenhum impedimento para o diálogo é também uma estratégia.
Nessas conversas, o ex-deputado estadual Edson Ferreira, irmão de Avelar, tem tido participação.
Ex-prefeito Avelar Ferreira (Foto: Reprodução)
Para a oposição, o clima de disputa interna na base é positivo por oferecer pelo menos duas possibilidades: além de uma eventual composição com Rogério, os Ferreiras avaliam que a disputa pode até mesmo terminar com três candidaturas competitivas, o que, em tese, os favoreceriam. Para isso, eles se apegam aos números.
Nas eleições de 2020, Carmelita e Rogério juntos tiveram pouco mais de 11 mil votos, enquanto Avelar Ferreira teve quase 8 mil. Na avaliação de um importante nome dos Ferreiras, a votação obtida pela família é fiel ao grupo, que sempre foi forte na cidade, enquanto um racha no palanque de Carmelita dividiria os 11 mil votos ao meio.
Passado na casca do alho
O grupo da prefeita tem como principal articulador o deputado estadual Hélio Isaías (PT), marido dela. Hélio é um político experiente e com trajetória vitoriosa. Exerce mandatos na Assembleia Legislativa do Piauí desde 2003 e desde então tem sido reeleito sucessivamente. Muitos apostam que ele saberá, mais uma vez, conduzir as tratativas para evitar fissuras na base aliada que possam dar fôlego ao clã dos Ferreiras, derrotados nas últimas duas eleições municipais.
Hélio Isaías e Carmelita (Foto: Larissa Ribeiro)
Outro ponto que conta a favor da união da base da prefeita Carmelita é o fato do grupo inteiro, incluindo Rogério Castro, ter votado no governador Rafael Fonteles (PT), enquanto os Ferreiras votaram em Sílvio Mendes (União Brasil). Embora seja uma eleição municipal, o fato dos cabeças Hélio Isaías e Marcelo Castro estarem no mesmo palanque em nível estadual dificulta a separação no âmbito local, e, ainda mais, uma composição com quem se opõe a Rafael.
Daqui até 2024 muita coisa ainda vai acontecer.
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