O Brasil precisa amar e proteger a Caatinga
Em 28 de abril é celebrado o Dia Nacional da Caatinga, bioma que só existe no Brasil, mas que o país não tem sido capaz de preservar.
Hoje, 28 de abril, é o Dia Nacional da Caatinga. Se o Brasil fosse um país que cuidasse bem do meio ambiente, essa data seria marcante, lembrada e celebrada por todos. A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, de uma riqueza biológica imensurável.
Abrangente em toda a região Nordeste, ela apresenta uma biodiversidade fantástica e encanta não apenas pela beleza, mas também pela capacidade de resistência em meio à seca. Basta algumas chuvas para revigorar cheia de vida e exuberância.
Caatinga verde no período de chuvas no semiárido do Piauí (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)
Caatinga significa “mata branca”, em alusão ao seu aspecto no período da seca, quando as folhas da grande maioria das árvores e arbustos caem e apenas os troncos brancos permanecem na paisagem semiárida do sertão. O nome é de origem Tupi-Guarani.
A escolha de 28 de abril como Dia Nacional da Caatinga, data instituída por decreto federal em 2003, é uma homenagem ao nascimento do agrônomo pernambucano João Vasconcelos Sobrinho, um dos mais renomados ecólogos brasileiros. Pioneiro em estudos sobre o bioma, ele já alertava para o processo de desertificação da caatinga na década de 1970, problema que persiste até os dias de hoje.
Apesar de tanta riqueza presente na Caatinga, o poder público brasileiro parece ainda não ter se dado conta da importância desse bioma que só existe por aqui, e cujo patrimônio biológico só é encontrado em nosso território. A Caatinga tem parte de sua fauna e flora bastante ameaçada e o poder público não as protege como deveria.
Caatinga na seca (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)
Um exemplo desse descaso pode ser percebido em números. De acordo com levantamentos do Mapbiomas, uma rede colaborativa formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia, a cobertura remanescente de vegetação nativa na caatinga caiu 10% em 35 anos, entre 1985 e 2020. Se as iniciativas de proteção fossem mais presentes, a realidade certamente seria diferente.
Nesta data especial é importante celebrar, mas também devemos cobrar de todos os entes governamentais, da iniciativa privada e da própria sociedade uma maior dedicação com a preservação da Caatinga. O Brasil não pode desprezar um bioma tão rico, tão belo e tão importante para o ecossistema brasileiro.
Coroa-de-frade, uma das centenas de plantas típicas da Caatinga (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)
Neste dia, também devemos celebrar os povos que vivem na Caatinga, gente que, via de regra, é apaixonada pela terra onde nasceu. Os caatingueiros, assim como o bioma, enfrentam as dificuldades impostas pela escassez de chuvas no semiárido, mas possuem forte capacidade de resistência. É preciso exigirmos mais políticas públicas de convivência com o semiárido, que aliem desenvolvimento com proteção ambiental.
Na defesa da Caatinga e de suas espécies, todos precisam estar engajados: prefeituras, governos estaduais, governo federal, iniciativa privada, entidades da sociedade e a próprio população. O Brasil precisa zelar pela Caatinga, pois, desse modo, estará zelando não apenas pelo bioma, mas também pelo povo que nela vive.
Viva a Caatinga!
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