Gustavo Almeida

Marcelo Castro: um discurso em Brasília e outro no Piauí

Senador adota postura incoerente quando assunto é o apoio para presidente da República.

19 de abril de 2022 às 08:22
3 min de leitura

Um dos principais motes da campanha governista no Piauí é tentar emplacar o discurso de que o grupo do pré-candidato Sílvio Mendes (União Brasil) apoia e tenta ‘esconder’ o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Piauí. Se agarrar nesse discurso de nacionalização da campanha estadual é a principal aposta do grupo governista para tentar diminuir a desvantagem em relação a Sílvio Mendes nas pesquisas eleitorais.

Um dos aliados do governo piauiense que alimentam esse discurso é o senador Marcelo Castro (MDB). Porém, é justamente o experiente político emedebista que também protagoniza uma contradição quando o assunto é a campanha nacional. Para jornalistas em Brasília, Marcelo tem afirmado que apoia a pré-candidata de Simone Tebet (MDB) à presidência da República e que vai votar nela no primeiro turno da disputa eleitoral.

Senador Marcelo Castro, do MDB (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em entrevista ao jornal O Globo na semana passada, ele afirmou: “Eu só voto no Lula se a Simone não for para o segundo turno. Ela tem um passado de emedebista, foi prefeita e fez um trabalho extraordinário. Sempre defendeu boas causas. O nome dela fortalece nosso partido”.

No entanto, o comportamento do senador no Piauí é bem diferente. Quando está discursando para eleitores no interior do estado, Marcelo só fala que é “do time do Lula”. O nome de Simone Tebet, em quem ele diz votar e apoiar, nunca foi citado por ele ou por seus colegas de MDB para o eleitorado piauiense. Marcelo é o presidente regional do MDB, mas nunca orientou membros da sigla a falarem no nome de Tebet no Piauí.

Como pode Marcelo dizer que apoia Simone Tebet se faz campanha nos municípios piauienses dizendo que é do time do Lula? Se o senador apoia Simone, por que não diz isso ao seu eleitorado no Piauí? Se ele é do time do Lula, por que diz lá em Brasília que apoia Simone? Com essa postura, Marcelo faz exatamente o que acusou Sílvio Mendes de fazer em entrevista à imprensa em março: subestimar a inteligência do eleitor.

Se o grupo de Sílvio Mendes é contraditório ao não querer mencionar Bolsonaro mesmo tendo como principal líder o ministro da Casa Civil da gestão bolsonarista, Marcelo Castro também é contraditório – e incoerente – ao dizer em Brasília que é apoiador de Simone Tebet e esconder o nome dela no Piauí.

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