Gustavo Almeida

Ciro: “Wellington nunca vai reconhecer a grandeza do Júlio César e do Georgiano”

Senador tenta atrair PSD e diz que partido não é reconhecido na base do governo.

28 de abril de 2021 às 17:25
6 min de leitura

O deputado federal Júlio César, presidente regional do PSD no Piauí, tem afirmado publicamente que o partido vai estar numa chapa majoritária nas eleições de 2022. Atualmente aliado do governador Wellington Dias (PT), Júlio garante que a preferência é estar na chapa governista, mas deu a entender que se isso não acontecer pode buscar outros rumos.

Ciro quer tirar Júlio e Georgiano do governo (Foto: Reprodução/Facebook/2018)

De olho nessa situação, o senador Ciro Nogueira (Progressistas) já iniciou conversas para tentar atrair o PSD. O próprio deputado federal Júlio César confirmou convite feito pelo senador.

Com sua pré-candidatura ao governo do Estado posta, Ciro busca tirar aliados do Palácio de Karnak e aumentar o palanque da oposição. Em entrevista ao Lupa1nesta quarta-feira (28), o senador disse que o PSD é um partido grande, mas que infelizmente é visto como patinho feio no grupo político de Wellington Dias.

Na avaliação de Ciro, o governador petista nunca vai reconhecer a grandeza do deputado federal Júlio César e do seu filho, o deputado estadual Georgiano Neto, que obteve a maior votação da história do Piauí para o cargo nas eleições de 2018.

“O PSD é visto hoje como o patinho feio da coligação do governo. Não existe a menor possibilidade do governador reconhecer o tamanho do PSD. Eu conheço o governador Wellington Dias e ele não vai reconhecer nunca a grandeza do Júlio César e do Georgiano. Se depender de espaço e principalmente de construção de um projeto que venha realmente mudar a realidade do povo do Piauí, ele [Júlio César] vai vim para a oposição”, falou Ciro.

Ainda conforme o senador, a saída de Júlio César e Georgiano da base de Wellington Dias atenderia ao desejo da maioria das lideranças do PSD no Piauí.

“O Júlio é um grande amigo e eu tenho muita admiração por ele. Eu acho que engrandeceria o nosso projeto ele vir para a oposição e respeitar até mesmo a vontade da quase totalidade dos membros do PSD. Não tenho dúvida disso”, comentou.

Wellington deixou PSD fora da chapa em 2018 (Foto: Jorge Bastos/Ccom)

PSD preterido em 2018

Mesmo sendo um dos maiores partidos do Piauí ainda em 2018, o PSD foi preterido na chapa majoritária do governador Wellington Dias nas eleições daquele ano. A sigla reivindicava presença com uma das vagas de senador ou a de vice-governador, mas Wellington preferiu uma vaga de senador para o MDB e a de vice para seu partido, o PT.

Aliado que mais cresceu

Nas eleições municipais de 2020, o PSD foi o partido da base de Wellington Dias que mais cresceu, garantindo a maior quantidade de prefeitos eleitos entre as legendas aliadas do governador. Foram 40 prefeitos, 28 vice-prefeitos e quase 400 vereadores no Piauí. Apenas o Progressistas do senador Ciro, da oposição, elegeu mais prefeitos.

Com essa envergadura política na mesa, a avaliação que líderes do partido fazem é que será inadmissível a sigla ser preterida novamente por Wellington na chapa majoritária de 2022. Por isso, muitos defendem que se não tiver espaço no lado governista, o PSD deve arrumar as malas e ir para onde está sendo muito cortejado: a oposição.

Tudo para o PT, pouco para os aliados

O PSD exige a participação na chapa porque sabe que dessa vez a disputa por espaço será ainda mais dura do que em 2018. Diferente daquele ano, em 2022 só será uma vaga de senador. Como essa vaga deve ser do próprio Wellington Dias e a vaga de governador deve ficar com Rafael Fonteles, também do PT, só restará a vaga de vice. O MDB, que tem a maior bancada na Assembleia Legislativa, já bateu o pé que quer espaço na chapa.

A tendência é de PSD, MDB, PSB e Republicanos reivindicarem a única vaga que resta. A briga principal será entre MDB e PSD, os dois maiores partidos da base de Wellington que já avisaram que não abrem mão da composição majoritária. Nas eleições municipais de 2020, o PSD elegeu 40 prefeitos, o MDB fez 35 e o PT apenas 24.

Júlio César é aliado de Bolsonaro, adversário do PT (Foto: Divulgação/Assessoria)

O fator nacional

Em âmbito nacional, o PSD de Júlio César é aliado do presidente Jair Bolsonaro, assim como Ciro Nogueira. Nos bastidores, lideranças dos dois partidos avaliam que o alinhamento nacional pode favorecer eventual aliança em nível local, principalmente se o PSD não ganhar o que reivindica na base de Wellington Dias.

Diferente de 2018, quando os insatisfeitos tinham que engolir o choro e aceitar os balões do Karnak porque a oposição não tinha perspectivas, em 2022 o cenário promete ser diferente. Por isso as afirmações categóricas dos dirigentes do PSD de que o partido estará em uma chapa majoritária em 2022. A única dúvida é saber em qual delas.

Se for na oposição, Ciro Nogueira garante que o PSD não será patinho feio.

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