Direto ao Ponto

Onde está o erro?

Qual o mal maior?

27 de janeiro de 2023 às 11:35
3 min de leitura

O tema da corrupção tem nos acompanhado de maneira permanente em nosso país. Sempre me pareceu que restringir a discussão a classe política, é não querer entender a coisa. Sou de acordo que o exemplo deve vir “de cima”. Ou seja, aquele que recebeu milhares ou milhões de votos deveria, a princípio, dar o exemplo no cuidado dos recursos públicos.

Fila na espera do médico.Foto: Sintrajufe

Talvez seja ingênuo pensar-se desta forma. Afinal, eleição custa muito caro. Todo idiota sabe que mesmo para eleger-se vereador de uma pequena cidade, há de se gastar pequenas fortunas. Assim, como esperar uma atitude exemplar daquele que - ao eleger-se – tratou de “rasgar os princípios republicanos”?

Trabalhei durante alguns anos no Senado. E lá, pude acompanhar alguns episódios que me suscitaram dúvidas sobre nosso comportamento e um certo tipo de corrupção, sutil e profundo. Refiro-me àqueles comportamentos, aparentemente inofensivos, e banalizados. Vamos ao exemplo presenciado no Senado.

A rede Sarah de hospitais e reabilitação está presente em 9 cidades do país. Em Brasília, sua unidade merece um destaque especial, dada sua propalada excelência em ortopedia. Devido a esta fama, as filas de atendimento são gigantescas. Pacientes de todo o país, inclusive do Piauí, procuram o Sarah para enfrentar suas enfermidades. Porém um entrave inicial bloqueia os pacientes: a fila de atendimento costuma ser muito grande. E aí? Aí surge uma gentil enfermeira que informa, ao desanimado paciente, uma possível saída: o Senado.

O Senado..... como assim ? E a enfermeira complementa: - Cabe ao Senado, aportar recursos públicos para a manutenção da rede Sarah. Assim, um encaminhamento de um senador do teu Estado, ajudará muito na fila. Dá pra entender?

Dada esta dica, o acompanhante da paciente vai ao Senado e solicita um simples bilhete, com o carimbo da casa e a assinatura do parlamentar. Este nada perde e obtém a simpatia eterna daqueles eleitores de seu Estado.

Assim, a fila será “furada”, de maneira sutil e sem maiores ruídos. Quem é o vilão da estória? O paciente que não hesitou em arrumar um “jeitinho” de apressar seu atendimento? O hospital que privilegiou seus financiadores? O senador que fez um bilhete de encaminhamento? Entendo que, casos como este, estão na base de nossos problemas de favorecimento e de corrupção. Mas... por onde começar?

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