Entendendo a Insuficiência Cardíaca e o Transplante Cardíaco
De acordo com o site do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), no último dia 16 de agosto, 386 pessoas estavam à espera de um coração no país.
A insuficiência cardíaca afeta cerca de 23 milhões de pessoas no mundo e pode acometer qualquer idade, porém é mais frequente com o envelhecimento.
Segundo dados do SUS, entre os anos de 2008 a 2019, foram 3.085.359 hospitalizações por insuficiência cardíaca. Esse número representa um terço do total de hospitalizações clínicas relacionadas às doenças cardiovasculares, no período estudado. Ainda de acordo com estudo do SUS, a insuficiência cardíaca foi responsável pela maioria dos custos relacionados às hospitalizações clínicas por doenças cardiovasculares, demonstrando ser uma condição crônica e que demanda tratamento e seguimento adequado.
Essa doença pode ser entendida como uma condição complexa na qual o coração não consegue bombear sangue de forma eficaz para suprir as necessidades do corpo e também tem um comportamento progressivo que pode resultar de diversas causas, dentre as principais:
- Doença arterial coronariana (com ou sem infarto)
- Hipertensão arterial
- Doenças das válvulas do coração
- Miocardiomiopatias (doenças dos músculos do coração)
- Infecções
Se formos falar em sintomas, às vezes em quadros iniciais podem nem aparecer mas os principais sintomas da insuficiência cardíaca são a falta de ar, inchaço dos pés e pernas, falta de energia, sensação de cansaço, fraqueza, dificuldade de dormir à noite devido a problemas respiratórios, ascite (acúmulo de líquido dentro da barriga), perda de apetite ou tosse.
Hoje em dia temos inúmeras classes de medicamentos que ajudam a melhorar os sintomas e muitos pacientes podem ter uma vida praticamente normal em casos mais leves. Desde medicamentos para controlar a pressão arterial como outros que verdadeiramente fazem o músculo do coração contrair melhor.
Mas quando esse tratamento convencional não é mais eficaz em controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente, o transplante cardíaco surge como uma opção terapêutica. O transplante cardíaco é um procedimento cirúrgico complexo e altamente especializado que envolve a substituição do coração doente por um coração saudável de um doador compatível.
E como funciona a fila?
De acordo com o site do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do último dia 16 de agosto, 386 pessoas estavam à espera de um coração.
Critérios de Seleção:Nem todos os pacientes com insuficiência cardíaca são candidatos ao transplante cardíaco. Os critérios de seleção incluem a gravidade da insuficiência cardíaca, a idade do paciente, a presença de outras condições médicas e a capacidade de tolerar a cirurgia e o subsequente tratamento imunossupressor (para evitar a rejeição, já que é um órgão de outra pessoa).
Avaliação e Lista de Espera:Antes de serem colocados na lista de espera para um transplante cardíaco, os pacientes passam por uma avaliação abrangente para determinar a elegibilidade. A lista de espera é baseada em critérios de urgência e compatibilidade com o doador.
O Procedimento:O transplante cardíaco envolve a remoção do coração doente e a conexão do novo coração aos vasos sanguíneos e ao sistema circulatório do paciente. A cirurgia envolve 2 equipes médicas, 1 para o doador e 1 para o receptor.
Desafios Pós-Transplante:Após o transplante, o paciente precisa tomar medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão transplantado. Esses medicamentos diminuem a resposta do sistema imunológico, mas também podem aumentar o risco de infecções e outras complicações.
Cuidados Pós-Transplante: O acompanhamento médico rigoroso é essencial para monitorar a função cardíaca, a resposta imunológica e ajustar a terapia imunossupressora conforme necessário. Além disso, é importante adotar um estilo de vida saudável para garantir a longevidade e o bom funcionamento do órgão transplantado.
O transplante cardíaco é uma opção valiosa para pacientes com insuficiência cardíaca avançada, proporcionando uma segunda chance de vida saudável. No entanto, é crucial entender que o processo é complexo e requer um compromisso contínuo com os cuidados médicos e a adoção de uma abordagem de vida saudável. Cada caso é único, e a indicação para o melhor tratamento deve ser discutido com uma equipe especializada em pacientes com insuficiência cardíaca.
Dr. Jocerlano Sousa
Cirurgião cardiovascular
CRM - PI 3412
RQE 1579
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