A tropa do cheque: R$ 135 milhões para Ciro Nogueira
Reportagem aponta que aliados de Bolsonaro na CPI da Pandemia tiveram milhões em recursos extras liberados pelo governo federal.
A defesa enfática do presidente Jair Bolsonaro feita por sete senadores membros da CPI da Pandemia não é de graça. Pelo contrário, tem um preço bem alto. É o que afirma a reportagem "A tropa do cheque", publicada na sexta-feira (18) pela revista Crusoé.
Conforme a publicação, os sete senadores que compõem a tropa de choque de Jair Bolsonaro na CPI da Pandemia tiveram R$ 660 milhões em recursos do caixa federal liberados pelo Planalto para obras e projetos indicados por eles. Um sexto desse total tem origem em emendas individuais e de bancada e foi pago a partir da última semana de abril, quando a CPI iniciou oficialmente os trabalhos no Senado Federal.
O restante do dinheiro vem saindo do chamado orçamento paralelo, verba que, segundo diz a Crusoé, o governo federal tem usado para comprar apoio político no Congresso.
Na tropa do cheque está o senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas e líder do Centrão. Além dele, integram o grupo os senadores Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Marcos Rogério (DEM-RO), Luis Carlos Heinze (Progressistas-RS), Ângelo Coronel (PSD-BA), Jorginho Mello (PL-SC) e Izalci Lucas (PSDB-DF).
Segundo a reportagem da Crusoé, Ciro Nogueira teve R$ 135 milhões do chamado "orçamento paralelo" liberados pelo Governo Federal.
Também chamado de orçamento secreto e bolsolão, o orçamento paralelo são emendas parlamentares que somaram cerca de R$ 3 bilhões sem conhecimento dos órgãos de fiscalização e transparência pública. O dinheiro era direcionado para o Ministério do Desenvolvimento Regional e o governo definia os parlamentares aliados que seriam beneficiados com a verba extra.
Parte das emendas foi destinada à compra de equipamentos agrícolas e tratores. Segundo denúncias de políticos da oposição, o ganho do governo com o esquema é a sustentação política do presidente da República. A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), já cobrou explicações de Bolsonaro sobre o orçamento paralelo.