Filho do Sol do Equador, Piauí completa 200 anos; Veja mais sobre a data
Historiador Junior Vianna concedeu entrevista exclusiva ao Lupa1, explicando esse e outros fatos importantes sobre o estado.
Terra de gente simples e acolhedora. Dono de riquezas naturais e cheio de culturas e tradições. Filho do Sol do Equador e de heróis do Jenipapo que lutaram em das mais decisivas batalhas pela independência. Nesta quarta-feira (19) o estado do Piauí completa 200 anos de muita história para contar.
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Em 07 de setembro, ouviu-se o grito de Dom Pedro I às margens plácidas do Rio Ipiranga, mas nessa época não houve derramamento de sangue pela independência. Meses depois, brasileiros dariam a própria vida em uma luta sangrenta para assegurar a unidade nacional, a Batalha do Jenipapo.
Ao Lupa1, o historiador Junior Vianna explica que a data está relacionada aos movimentos pela adesão da então província do Piauí à independência do Brasil. Segundo ele, o Dia do Piauí era no dia 24 de janeiro, em alusão aos oeirenses, por meio do Visconde Manuel de Sousa Martins, que teria realizado esse processo de adesão.
“Mas na década de 30, por volta de 1937, por uma questão de influência, de historiadores e pessoas ufanistas (patriotas) da região de Parnaíba, essa data foi alterada para 19 de outubro, por ser a data em que os parnaibanos fizeram esse processo de adesão a independência do Brasil. Por isso que hoje o Dia do Piauí é comemorado nessa data”.
Líderes da independência
Junior afirma que no contexto histórico pela separação do Brasil de Portugal, existiram vários líderes que contribuíram nessa trajetória, incluindo em Parnaíba e em Oeiras, até então capital do Piauí.
“Em Parnaíba tivemos Simplício Dias e João Cândido. Já na cidade de Oeiras, tivemos o Manuel de Sousa Martins. Então para cada região houve a liderança de homens que ao seu modo, liderando os seus grupos e entusiasmando a população, contribuíram para o processo de adesão do Piauí à independência.
Desenvolvimento econômico
O historiador explica ainda que a pauta sobre economia piauiense é um tema delicado, visto que a princípio a colonização da capitania estava estreitamente ligada a criação do gado bovino, por meio de alvarás estabelecidos pelo rei de Portugal, que ordenada que os bovinos deveriam ser da região litorânea, e passariam a ser criados no interior do Nordeste.
Só que com o passar do tempo, essa economia pecuarista vai concorrer, de maneira desleal, com a pecuarista que se desenvolve no Sul do Brasil. Assim, com o tempo, essa economia baseada na criação do gado bovino vai deixar de ser uma economia para atender o mercado consumidor brasileiro, e passa a ser mais uma economia de subsistência”.
Com o passar dos anos, de acordo com Júnior Vianna, foram acontecendo incrementos, como a criação de caprinos, de ovinos, a própria extração de palha de Carnaúba, e isso favoreceu para que ao longo prazo as pessoas deixassem essa vida de campesina e passassem a se organizar em algo mais urbanizado.
“No princípio, o Piauí tinha uma única cidade que era Oeiras, amparada por seis Vilas. Só anos depois foram sendo adicionadas mais Vilas, que posteriormente ganharam o status de cidade”, completa.
Piauí hoje x Piauí antigamente
O historiador comenta que as semelhanças estão ligadas à questão da agropecuária. Só em 2019, com território de 851,487 milhões de hectares (ha), o Brasil tinha um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários, que ocupavam uma área total de 351,289 milhões de ha, ou seja, cerca de 41% da área total do país, segundo o IBGE.
“De certo modo, com o desenvolvimento tecnológico, com a chegada da eletricidade e dos meios de comunicação, isso favoreceu com que o Piauí tenha dado passos mais largos. Hoje nós temos um estado mais urbano e mais conectado à educação. Mas a grosso modo, ainda temos um Piauí que vive da extração da Carnaúba e da criação do gado bovino”, finaliza.