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Investigação aponta que ABIN monitorou ilegalmente promotora do caso Marielle

Informação consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou cumprimento de mandados de busca e apreensão.

25 de janeiro de 2024 às 22:15
3 min de leitura

A operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (25) para apurar o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) no monitoramento de autoridades e servidores públicos ainda terá muitos desdobramentos.

Na decisão do ministro Alexandre de Moraes que autorizou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão é narrada a forma de atuação do grupo, liderado, segundo a PF, pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da ABIN no governo do presidente Jair Bolsonaro.

Alexandre Ramagem (Foto: Marcos Oliveira/Senado)

De acordo com PF, o esquema instalado na ABIN utilizava o sistema de inteligência First Mile para monitorar dispositivos móveis sem a necessidade de interferência e/ou ciência de operadoras de telefonia e sem a devida autorização judicial. O sistema é capaz de identificar a Estação Rádio Base (ERB) indicando a localização de qualquer celular monitorado. Conforme a investigação, havia a existência de uma organização criminosa instrumentalizando o órgão de inteligência.

Uma das descobertas é que entre as pessoas que foram monitoradas estava a promotora do caso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados a tiros no Rio de Janeiro em 2018. A promotora é Simone Sibilio. Atualmente ela não comanda mais a força-tarefa do caso no Ministério Público do Rio.

"Em outra oportunidade, novamente, ficou patente a instrumentalização da ABIN para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e do motorista que lhe acompanhava Anderson Gomes", diz trecho da investigação destacado na decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Marielle Franco foi morta em 2018 (Reprodução)

Outros alvos do suposto esquema criminoso montado na ABIN eram ministros do STF como o próprio Alexandre de Moraes e ainda Gilmar Mendes, políticos adversários do governo Bolsonaro, jornalistas, advogados e policiais. O esquema é apelidado de "ABIN paralela".

Trecho da decisão que cita caso Marielle Franco

A operação deflagrada nesta quinta-feira foi denominada de "Vigilância Aproximada" e cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, inclusive no gabinete do deputado Alexandre Ramagem, na Câmara Federal. A decisão também mandou suspender sete policiais federais supostamente envolvidos no monitoramento ilegal.

A PF pediu também a suspensão do mandato de Alexandre Ramagem, mas Moraes não deferiu.

O que diz Ramagem

Em declaração dada à GloboNews, Alexandre Ramagem afirmou que um núcleo dentro da Polícia Federal age para tentar incriminá-lo sem provas. Ramagem é delegado da Polícia Federal, portanto, membro da instituição que hoje o investiga.

"Quando eu analiso o que foi feito aqui, nessa salada de narrativas para chegar a uma incriminação, eu vejo que o Ministério Público e o Judiciário foram envolvidos por um núcleo da Polícia Federal que está querendo, sem provas, me incriminar", declarou o ex-diretor-geral da ABIN.

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