Governo do Amapá leva suas raízes culturais ao Carnaval de Salvador e encanta a todos
Delegação do Amapá faz apresentações especiais no camarote de Carlinhos Brown, no circuito Barra-Ondina, um dos mais tradicionais e prestigiados
Há sons que ultrapassam fronteiras. Eles nascem nas margens dos rios amazônicos, atravessam florestas densas e se elevam em celebrações que narram séculos de história. O Marabaixo, mais do que um gênero musical, é a expressão viva de um povo que resiste, celebra e preserva sua ancestralidade. Em 2025, o Amapá levará ao coração do Carnaval de Salvador a força e a diversidade de sua cultura afro-amazônica.
A Delegação do Amapá está fazendo apresentações especiais no camarote de Carlinhos Brown, localizado no circuito Barra-Ondina, um dos mais tradicionais e prestigiados do Carnaval baiano. O espaço, reservado a convidados e à imprensa nacional, internacional e regional baiana, está sendo a vitrine perfeita para que a música, a dança e a tradição do Amapá ressoem para o mundo.
Carlinhos Brown, ícone absoluto do Carnaval baiano e um dos maiores nomes da música popular brasileira, é conhecido por sua genialidade criativa e seu ativismo cultural. Multi-instrumentista, cantor, compositor e produtor, Brown é responsável por levar os sons da Bahia para os principais palcos do mundo.
Em 2024, o Governo do Estado do Amapá convidou Carlinhos Brown para ser o Embaixador do Marabaixo, convite que foi prontamente aceito pelo artista. O título simboliza não apenas a admiração mútua entre o artista e a cultura amapaense, mas também sua responsabilidade de ampliar o alcance do Marabaixo e conectá-lo ao cenário nacional e internacional.
Ao visitar o Amapá, Brown mergulhou na essência do Marabaixo, compreendendo suas raízes e a simbologia de suas celebrações. Essa experiência resultou na criação da exposição fotográfica “Amazônia Negra: Expedição Amapá”, que será apresentada durante o Carnaval de Salvador no próprio camarote. A mostra traz imagens que capturam o diálogo entre as culturas afro-ameríndias do Amapá e da Bahia, revelando os laços ancestrais que conectam esses dois territórios.
Mas a alma dessa travessia cultural está nos artistas que compõem a delegação, convidados pelo Governo do Estado e pela coordenação e direção do camarote de Carlinhos Brown. Eles levam ao palco do camarote um recorte vibrante e autêntico da musicalidade amapaense.
Patrícia Bastos é uma das maiores intérpretes do Norte do Brasil, que conquistou o Prêmio da Música Brasileira e indicações ao Grammy Latino. Com sua força e delicadeza dá voz ao Marabaixo e ao Batuque.
Finéia Nelluty, Brenda Melo, Jhimmy Feiches, João Amorim, Silmara Lobato e Enrico Di Miceli ampliam o potencial e a diversidade musical do estado e dessa celebração. Cada um desses artistas carrega a pluralidade sonora do Amapá, transitando entre a tradição e a contemporaneidade, de ritmos ancestrais aos novos arranjos que ecoam pelas festas populares.
Mery Baraká, em especial, leva ao palco sua maestria como dançadeira de Marabaixo, traduzindo, em gestos e movimentos, a alma e a expressão corporal dessa manifestação cultural. A dança no Marabaixo vai além do ritual estético — é linguagem ancestral, é resistência, é celebração da identidade de um povo.
O Marabaixo se fará presente não apenas em sua musicalidade, mas em sua totalidade: música, dança e oralidade. Além disso, o público do Carnaval baiano será envolvido por outros ritmos tipicamente amapaenses, como o Batuque — um gênero musical próprio do estado —, o contagiante Zouk e o vibrante Kasekó, influência caribenha que enriquecem o ecossistema do Amapá.
Na percussão, a força ancestral ecoa pelas mãos de Nena Silva e Ismael Biluca, percussionistas oriundos do Quilombo do Curiaú, um dos mais importantes guardiões das tradições afro-amapaenses. Eles conduzem as caixas de Marabaixo, cujas batidas profundas narram histórias de resistência e pertencimento, levando ao circuito Barra-Ondina a força rítmica que pulsa no Amapá.
A participação da Delegação do Amapá no Carnaval de Salvador é uma oportunidade estratégica para promover e valorizar as manifestações culturais do estado em um dos maiores palcos populares do mundo. A presença dos artistas amapaenses no camarote de Carlinhos Brown, espaço de prestígio internacional, permite que o Marabaixo, o Batuque e outros ritmos amazônicos ganhem visibilidade e reconhecimento nacional e global.
A escolha de Salvador não é aleatória. O Carnaval baiano é um epicentro cultural que dialoga profundamente com as tradições afro-brasileiras. O encontro entre as culturas do Amapá e da Bahia simboliza um reencontro de raízes ancestrais, revelando a força e a diversidade dos povos afro-ameríndios brasileiros.
A exposição “Amazônia Negra: Expedição Amapá” reforça essa conexão, trazendo ao público um olhar sensível sobre o Amapá, suas tradições e sua gente. Através das lentes de Brown, a Amazônia ganha novos contornos e revela sua pluralidade cultural.
Neste Carnaval, o Amapá se posiciona como protagonista, levando sua arte, sua história e sua ancestralidade para o cenário nacional e internacional, utilizando o prestígio do Carnaval de Salvador como uma vitrine poderosa para a cultura do Estado do Amapá.
Porque quando o Marabaixo ressoa — seja nos quilombos ou no coração do circuito Barra-Ondina — ele carrega consigo o orgulho de um povo e a força de uma história que precisa ser contada ao mundo.
ARTISTAS
Patrícia Bastos
Com 8 álbuns de carreira e uma trajetória de mais de 20 anos, Patrícia Bastos é uma das mais aclamadas vozes do Amapá. Afirmando sempre a sua origem, o seu trabalho reúne ritmos e poesias amazônidas em perspectiva contemporânea, que já renderam 2 Prêmios da Música Brasileira e a indicação ao Grammy Latino, entre outros.
Pretogonista
Rapper natural de Macapá - AP. Tem seu processo artístico voltado para a cultura negra, periférica e ribeirinha da Amazônia, numa confluência musical de ritmos, cantos e batuques que provocam um turbilhão de emoções.
Silmara Lobato
Cantora e compositora amapaense, com 30 anos de carreira, 26 deles dedicados à Banda Negro de Nós, grupo de grande prestígio na Música Popular Amapaense.
Artista amazônida, marabaixeira e intérprete de escolas de samba no Amapá.
Brenda Melo
Cantora amapaense que traz em sua música a força dos tambores do Amapá, misturando ritmos afro-amapaenses, indígenas e caribenhos em uma sonoridade autêntica. Já representou o Amapá em diversos estados do Brasil e na Guiana Francesa. Integra os projetos “Quilombo Groove” (Natura Musical) e “Preces, Louvores e Batuques do Quilombo do Curiaú” (Banco do Brasil), com circulação nacional em 2024 e 2025.
Enrico Di Miceli
Cantor e compositor da Amazônia brasileira. Artista do extremo norte do Brasil que se referencia na sonoridade que vem dos povos da floresta, dos tambores dos quilombos e de tudo o que pode oferecer o universo amazônico.
Músico refinado e criador de melodias marcantes, evidencia a sua diversidade sonora entre as influências universais e o seu chão.
Fineas Nelluty
É artista músico da Amazônia. Integra o Grupo Wakerê, trabalho com formação mista entre músicos e cantores do Amapá e Guiana Francesa. É idealizador e diretor do Amapá Jazz Festival.
Em 2013 lançou o álbum Amazon Caribbean e, no mesmo ano, o álbum Africaribe Amazon.
Fineas Nelluty já esteve em agendas de apresentações em Cabo Verde, Senegal, França e Portugal, levando o swing do ritmo Zankerada.
Jhimmy Feiches
Amapaense, marabaixeiro e artista nortista que utiliza de suas raízes para explorar as vivências inspiradas pela margem do Rio Amazonas. Compositor que aposta na música experimental, partindo de influências tradicionais do Amapá em contraste com referências do Pop.
João Amorim
Cantor, compositor e instrumentista amapaense, João Amorim destaca-se por sua voz afinada e pela fusão de ritmos como guitarrada, marabaixo, baião, batuque, salsa e funk soul.
Iniciou sua carreira aos 15 anos, influenciado por sua mãe, e já se apresentou em diversos países, levando a música amapaense ao cenário internacional. Seu clipe “Passa, Tchonga!” alcançou mais de 10 mil visualizações em uma semana, evidenciando seu sucesso nas redes sociais.
Além disso, João Amorim é conhecido por incorporar expressões regionais em suas composições, valorizando a cultura local.
Mery Baraká
Reconhecida dançadeira de Marabaixo, Mery Baraká destaca-se por sua maestria na expressão corporal dessa manifestação cultural. Sua dança transcende o aspecto estético, funcionando como uma linguagem ancestral que celebra a identidade e a resistência do povo amapaense, mantendo vivas as tradições culturais da região.
Nena Silva e Ismael Biluca
Percussionistas oriundos do Quilombo do Curiaú, Nena Silva e Ismael Biluca são guardiões das tradições afro-amapaenses. Especialistas nas caixas de Marabaixo, suas performances percussivas narram histórias de resistência e pertencimento, levando a força rítmica do Amapá para diversos palcos e mantendo viva a herança cultural de sua comunidade.