Coluna Ponto de Ruptura

Thiago Trindade

Hackers dão prazo final: prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa dos R$ 400 milhões

Grupo Jorge Batista, dono das Farmácias Globo, foi alvo de hackers internacionais, teve dados sequestrados e operações paralisadas.

17 de maio de 2025 às 14:10
7 min de leitura

O silêncio sobre um ataque milionário está começando a fazer barulho. Um dos maiores conglomerados farmacêuticos do Brasil, o Grupo Jorge Batista, sediado no Piauí, foi vítima de um ataque cibernético devastador que paralisou por completo suas operações — e deixou um rastro de prejuízos que pode ultrapassar os R$ 400 milhões.

Prazo dos hackers vence hoje e prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa de R$ 400 mi - Foto: Reprodução

Segundo apuração do Portal Lupa 1, o grupo hacker internacional conhecido como Gunra sequestrou os sistemas da distribuidora Nazária e das Drogarias Globo, exigindo pagamento em criptomoedas para liberação dos dados. O ataque teve início no dia 12 de maio de 2025 e a quase uma semana depois, as empresas continuam com os sistemas comprometidos.

Feira adiada, vendas travadas

A Mega Feira de Negócios, principal evento comercial da Nazária, foi oficialmente adiada. O encontro, que costuma movimentar mais de R$ 150 milhões em dois dias, agora será realizado nos dias 24 e 25 de julho. A decisão foi anunciada por meio de nota oficial após a paralisação completa dos sistemas internos da empresa.

Prazo dos hackers vence hoje e prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa de R$ 400 mi - Foto: Reprodução

Desde o início do ataque, nenhuma venda foi registrada. O sistema de pedidos está fora do ar, afetando toda a cadeia de distribuição. Funcionários relataram ao Lupa 1 que não entra nem sai nada. A operação da distribuidora está 100% paralisada. Nas Drogarias Globo, o atendimento também sofreu impacto, com limitações e atrasos em diversas unidades.

Hoje é o prazo final dos hackers

Fontes próximas à equipe de segurança da informação confirmaram que hoje é o último dia do prazo imposto pelo grupo Gunra. Caso não ocorra o pagamento em criptomoedas, os hackers ameaçam apagar todos os dados da empresa, como é praxe nesse tipo de ataque digital. A tensão é grande nos bastidores. Técnicos relatam uma corrida contra o tempo para reverter os danos e tentar restaurar os servidores sem ceder às exigências.

“Eles são invisíveis”, disse um colaborador em áudio enviado à este colunista. A declaração resume o clima de impotência diante de um ataque sofisticado e global. Há indícios de que mais de dez empresas em outros países tenham sido vítimas do mesmo grupo nas últimas semanas.

Rastro de prejuízos e operação sob risco

Com sistemas travados há mais de sete dias, os prejuízos estimados no Grupo Jorge Batista já ultrapassam os R$ 400 milhões. A cifra inclui perdas diretas, paralisação de vendas, rompimento de contratos, multas e impacto operacional em larga escala. O empresário Jorge Batista da Silva Filho, dono do grupo, teria buscado suporte especializado em São Paulo para tentar conter o avanço do ataque.

Prazo dos hackers vence hoje e prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa de R$ 400 mi - Foto: Reprodução

A orientação interna, segundo fontes, é clara: não pagar o resgate. Mas o risco permanece. Se não houver recuperação bem-sucedida dos dados, os sistemas poderão ser totalmente apagados, comprometendo inclusive o histórico contábil, contratos e arquivos sensíveis.

Silêncio na imprensa e incerteza no mercado

Apesar da gravidade, o caso segue ignorado pela imprensa nacional. Internamente, há quem diga que isso é estratégico: menos exposição, mais controle sobre os danos. Mas o efeito colateral é claro — o mercado está às cegas, sem saber a real dimensão do colapso digital que afeta uma das maiores distribuidoras farmacêuticas do Nordeste.

A Nazária confirmou o ataque em nota, mas não detalhou a extensão dos danos nem mencionou se houve vazamento de dados de clientes, fornecedores ou sistemas internos.

Quem é o Grupo Jorge Batista

Fundado em Teresina, o Grupo Jorge Batista é um dos maiores conglomerados empresariais do setor farmacêutico no Norte e Nordeste do país. Com mais de 40 anos de atuação, o grupo comanda a Nazária Distribuidora Farmacêutica, uma das líderes em distribuição no Piauí e Maranhão, além da rede Drogarias Globo, presente em diversos estados com dezenas de filiais.

Prazo dos hackers vence hoje e prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa de R$ 400 mi - Foto: Reprodução

A estrutura do grupo é robusta: reúne centro logístico, força comercial ativa em todo o Nordeste, atuação em eventos corporativos, participação em compras públicas e parcerias com as maiores indústrias farmacêuticas do país. O grupo também realiza anualmente a Mega Feira de Negócios, que atrai milhares de profissionais do setor e movimenta cifras milionárias.

Prazo dos hackers vence hoje e prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa de R$ 400 mi - Foto: Reprodução

Internamente, é conhecido por seu perfil discreto, comando familiar e decisões concentradas na figura de Jorge Batista da Silva Filho, empresário que hoje lidera a expansão e responde diretamente pelas negociações estratégicas — inclusive nos momentos de crise.

O Ponto de Ruptura

Num cenário em que ataques digitais crescem em frequência, gravidade e sofisticação, é urgente discutir segurança cibernética como política de Estado. Empresas precisam se preparar, sim. Mas o poder público também precisa atuar — com protocolos nacionais, investimento em inteligência digital e linhas emergenciais de apoio em casos de crise como este.

Estamos falando de uma cadeia que sustenta o abastecimento farmacêutico de milhões de brasileiros. O que está em risco aqui não é apenas uma operação privada — é a estabilidade de setores inteiros da economia e da saúde.

A OPINIÃO DOS NOSSOS COLUNISTAS NÃO REFLETE, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO PORTAL LUPA1 E DEMAIS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DO GRUPO LUPA1 .

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