Coluna Política em Pauta

Júnior Santos

Em 1991, Pedro Alcântara dormiu presidente da Câmara e acordou derrotado

Jornalista detalhou eleição da mesa diretora em que foi traído por seus pares, estando certo da vitória no legislativo municipal.

06 de novembro de 2024 às 09:00
4 min de leitura

Recentemente, o vice-prefeito eleito Jeová Alencar (Republicanos) afirmou, em entrevista, com base em sua experiência, que uma noite durante a eleição da mesa diretora da Câmara Municipal é uma eternidade — no sentido de que muita coisa pode mudar. Jeová já presidiu o legislativo municipal por três vezes derrotando estratégia política do ex-prefeito Firmino Filho (PSDB) em duas oportunidades.

Jornalista Pedro Alcântara - Foto: Reprodução/Instagram

Um dos maiores exemplos dessa afirmação é a histórica eleição da mesa diretora de 1991, quando o então vereador Pedro Alcântara foi "dormir" com tudo certo para ser o novo presidente e “acordou” traído, sendo posteriormente derrotado por Barros Júnior (PDC).

Apoio do prefeito e do governador

Freitas Neto e Heráclito Fortes, respectivamente. Foto: Reprodução.

O candidato Pedro Alcântara contava com o apoio do prefeito de Teresina, Heráclito Fortes (PMDB), e do governador eleito Freitas Neto (PFL), além de ter 13 dos 21 votos da casa. Seu adversário direto possuía apenas seis votos declarados.

Jantar de acerto

Pedro detalhou à coluna que os votos haviam sido assegurados em uma reunião com os apoios de Heráclito e Freitas Neto, que viajaram às vésperas da votação, no fim de 1990. Sozinho em Teresina, Pedro organizou um jantar na virada do ano, com a presença de seus 13 aliados, para selar o acordo. O evento aconteceu no restaurante Capote da Viúva, na zona Leste da cidade, e, segundo ele, a festa se estendeu até às 5 da manhã.

Sessão transmitida

Um pouco antes da votação, no dia 1º, às 8h, Pedro foi avisado de que seria traído por seus pares e que perderia a eleição. Inicialmente, não acreditou. Garantiu que a rádio Poty transmitisse voto a voto da eleição e ficou mais convencido de sua vitória quando, um a um, seus “aliados” declararam apoio público ao seu nome antes de votar em secreto.

Prédio onde antigamente funcionava Câmara Municipal (hoje Museu da Imagem e do Som). Foto: Reprodução.

Na hora da apuração, Pedro começou vencendo até o sexto voto, mas, a partir desse momento, a situação se reverteu e Barros Júnior o superou e venceu. Pedro admite que surtou e quebrou boa parte do plenário, que na época ficava localizado no Centro de Teresina.

Café da traição

Tempos depois, descobriu que, poucas horas após seu jantar de vitória, um café da manhã foi realizado na casa do vereador Olésio Coutinho (PMDB), onde um novo acordo foi alinhado. Os vereadores saíram do jantar da vitória e foram diretamente para o café da traição.

Ex-governador Alberto Silva. Foto: Reprodução.

Pedro também soube que a eleição teve um caráter de vingança do então governador Alberto Silva (PMDB), que, tendo visto seu candidato Wall Ferraz (PMDB) derrotado pelo grupo pefelista, embargou a candidatura de Pedro na intenção de atingir seu adversário Freitas Neto — na época já eleito governador do Piauí.

Coisas da política

Hoje, o jornalista Pedro Alcântara reconhece que o que aconteceu com ele em 1991 é coisa da política e afirma ter perdoado os antigos colegas parlamentares. Apesar disso, os vereadores que "viraram a casaca" nessa eleição não deixaram de entrar para a história da política piauiense como um dos folclores mais comentados nos bastidores e como lição para muitos pleitos.

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