Gustavo Almeida

O saldo da vinda de Marconi Perillo ao Piauí; ala tucana anti-PT comemora

Presidente nacional do PSDB veio a Teresina em meio à divisão do partido e disse que a sigla prioriza candidatura própria.

12 de março de 2024 às 08:03
7 min de leitura

A ala do PSDB de Teresina que é contra a aliança com o PT, liderada por Edson Melo, Paulo Lopes e João Vicente Claudino, não alimentava grandes expectativas sobre a vinda do presidente nacional Marconi Perillo. Por outro lado, a ala que aderiu aos petistas, representada por Luciano Nunes e Fernando Said, estava mais animada com a agenda do dirigente nacional. Contudo, o saldo da vinda de Perillo terminou com as expectativas invertidas e a ala anti-PT saiu cantando vitória.

Perillo esteve com ala de Luciano e ala de Edson Melo (Fotos: Divulgação)

Na capital, Perillo esteve, em momentos diferentes, com os dois grupos tucanos. Numa “sinuca de bico” em terras piauienses, o ex-governador de Goiás justificou que veio para conhecer as circunstâncias do impasse. Tentou ao máximo bancar o imparcial nas entrevistas que concedeu, mas disse que o partido tem sempre a intenção de estimular e dar apoio à candidatura própria, e que em Teresina não será diferente. Nesse ponto, a ala anti-PT já saiu em vantagem.

A coluna ouviu as percepções e opiniões dos dois lados sobre a visita.

Chance zero

O vereador Edson Melo, presidente municipal do partido, disse que Marconi Perillo descartou, diante dele, de JVC, de Paulo Lopes, Mario Rogério e outros presentes, a chance de aliança com o PT. Conforme Edson, o dirigente revelou que a maioria da Executiva nacional não apoia composição da sigla com petistas em Teresina.

"Ele quer candidatura própria e possibilidade de aliança com o PT é zero!", falou. Questionado em seguida se Perillo descartou a possibilidade na reunião, Edson reafirmou: "Sim. Descartou."

Marconi com ala tucana contrária a aliança com o PT (Foto: Divulgação)

Dias e Rafael tentaram

No encontro com a ala anti-PT, Marconi contou que o ministro Wellington Dias o procurou para articular a adesão do PSDB ao palanque petista em Teresina. Ele revelou que também foi procurado pelo governador Rafael Fonteles, por meio de uma chamada de vídeo feita pelo gestor estadual. Os dois petistas trabalharam para minar a candidatura própria ou o apoio do PSDB ao pré-candidato Sílvio Mendes (União Brasil).

“Falou que foi procurado por Wellington Dias e Rafael (esse via chamada de vídeo), mas não assumiu nenhum compromisso. Apenas prometeu analisar a situação local. Também disse que a maioria da Executiva nacional é contra a aliança com o PT”, narrou Edson Melo.

Fator JVC pesou

Embora ainda não haja propriamente um desfecho do impasse, pode-se afirmar que a entrada do ex-senador João Vicente Claudino deu novos contornos à disputa pelo PSDB da capital. Figuras nacionais do partido como o deputado federal mineiro Aécio Neves e o senador cearense Tasso Jereissati ligaram para Marconi Perillo pedindo que ele ouvisse JVC e analisasse a posição do diretório municipal em Teresina.

Na reunião de ontem, Perillo ouviu dos tucanos que Luciano Nunes tomou uma decisão pessoal ao aderir ao PT, sem ouvir o seu diretório. Escutou ainda que a repercussão da adesão foi negativa.

Marconi disse que o partido prioriza candidatura própria (Foto: Divulgação)

Balde de água fria

O vereador Edson Melo, que nos bastidores vinha demonstrando pouca fé em um apoio de Perillo, disse que se surpreendeu com a postura do dirigente nacional. “Conversa longa e muito boa. Ele tem bom senso. Foi um balde de água fria na intenção do Luciano de declarar apoio do PSDB ao PT”, avaliou o vereador ao final do dia de ontem (11).

Até o fim de março

A coluna ouviu Luciano Nunes. Segundo o tucano da ala pró-PT, foi conversado sobre o momento político que o PSDB vive em Teresina. Ele acredita que até o fim do mês devem acontecer os encaminhamentos finais da querela, mas não demonstrou ter ouvido de Perillo alguma sinalização de apoio à aliança com o PT.

“O presidente Marconi Perillo está percorrendo todos os estados para conhecer a realidade política e fortalecer o PSDB no Brasil. Hoje tivemos a oportunidade de mostrar algumas realizações do PSDB em Teresina e de conversar com o presidente Perillo sobre o momento político que estamos vivenciando. Os encaminhamentos devem acontecer até o fim de março”, comentou Luciano.

Marconi com Luciano Nunes e ala favorável à aliança com o PT (Foto: Divulgação)

Posição natural

Questionado sobre a parte em que Perillo disse que a prioridade do partido é a candidatura própria, Luciano avalia que essa é uma posição natural por se tratar de um dirigente partidário. “Essa é uma posição natural. No papel de presidente nacional, não se pode esperar outra posição diferente dessa”, respondeu.

Sem resposta

Perguntado também se manterá o apoio ao PT caso a direção nacional decida apoiar a pré-candidatura própria do PSDB em Teresina, Luciano Nunes preferiu não responder essa parte.

Marconi ouviu tucanos que aderiram ao PT (Foto: Divulgação)

É pra valer mesmo?

Desde que João Vicente Claudino foi lançado pré-candidato a prefeito pelo PSDB, Luciano e outros tucanos que aderiram ao palanque do PT têm questionado a veracidade das intenções do ex-senador com a pré-candidatura. A ala tucana pró-PT diz que a entrada de JVC é só estratégia para, lá na frente, “bater esteira” para Sílvio Mendes.

Estratégia ou não, parece que está surtindo efeito.

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