O presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Gilberto Albuquerque, joga a culpa no Hospital São Marcos após a Prefeitura de Teresina não renovar um contrato com a unidade de saúde, fato que acarretou na redução de 40% dos atendimentos de casos de câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no hospital. Gilberto fez insinuações contra o São Marcos e admitiu também que a FMS está travando a liberação de emendas da bancada federal destinadas ao tratamento de câncer na instituição.

Gilberto Albuquerque, presidente da FMS (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)

O Hospital São Marcos é referência no tratamento de câncer nas regiões Norte e Nordeste do Brasil e atende 98% dos casos oncológicos no Piauí. Nos casos de câncer infantil, o hospital é responsável por 100% dos atendimentos no estado. O hospital tem quase 70 anos de existência. Apesar disso, Gilberto Albuquerque acusa o São Marcos de não cumprir com suas obrigações relacionadas aos tratamentos oncológicos.

“O São Marcos alega que tem prejuízos no atendimento SUS. Ok. Mas ele tem vantagens de não pagar impostos, ele recebe emendas parlamentares que é dinheiro público, recebe doações de equipamentos e medicamentos do governo federal. E vários itens da obrigação da portaria de oncologia ele não cumpre. Então ele não pode reclamar daquilo que ele também não faz. Ele diz que os recursos são insuficientes, mas até agora não identificamos de onde é esse prejuízo do Hospital São Marcos. Se ele tem prejuízos no SUS, mas ele tem outras vantagens compensatórias”, atacou o presidente da FMS.

Gilberto foi mais longe. Admitiu que recursos de emendas da bancada federal do Piauí destinados ao hospital estão sendo retidos pela FMS. Ele alega que cabe à Fundação Municipal de Saúde definir se o objetivo daquela emenda tem vantagem ou não para o serviço de saúde. Segundo ele, o São Marcos não tem prestado contas de outras emendas anteriormente liberadas e por isso a FMS está retendo o dinheiro.

“Emenda parlamentar pode ser destinada a qualquer hospital, mas ela passa pela avaliação da Fundação Municipal de Saúde. A fundação é quem define se o objetivo da emenda tem vantagem ou não para o serviço de saúde. O hospital recebe o recurso e depois tem que prestar conta. Quem confere se o objetivo foi alcançado é a FMS. Nós só repassamos a próxima emenda quando a anterior for prestada contas. Não temos nenhum interesse de ficar com recurso de ninguém, mas temos a obrigação de conferir se o objetivo foi atingido e a aplicação foi correta. O São Marcos está atrasado nas suas prestações de contas”, acusou Gilberto.

GILBERTO NÃO TEM NADA A VER
Em entrevista à TV Band Piauí nesta sexta-feira (19), logo após ver as declarações de Gilberto Albuquerque, o deputado federal Flávio Nogueira (PDT) reagiu de forma dura e disse que o presidente da FMS está totalmente equivocado. Nogueira, que é médico e já foi diretor do Hospital São Marcos, afirma que Gilberto está inventando uma “desculpa amarela”.

Deputado federal Flávio Nogueira (Foto: Divulgação/Assessoria)

“O presidente da Fundação está totalmente equivocado. Quem avalia se a gente manda ou não a emenda somos nós deputados federais. Aliás, ninguém mandou para a FMS, nós mandamos, por ofício, destinado ao Hospital São Marcos. Ele [presidente da FMS] é apenas o repassador, não tem nada que está avaliando isso. Isso não é da jurisdição dele de jeito nenhum. Quem aloca emenda são os deputados. Eu estranho isso. Até porque, se formos ver, quanto a Prefeitura não recebe de emendas nossas? Quanto? Quem vai avaliar isso é o Tribunal de Contas ou, se for o caso, o Tribunal de Contas da União. Quem avalia se o hospital está ou não aplicando as emendas são os tribunais. Isso que ele está dizendo é balela, uma desculpa amarela”, reagiu.

GILBERTO NÃO ENTENDE DE SAÚDE
Flávio Nogueira não deixou barato e afirmou que Gilberto Albuquerque “não compreende bem a área da saúde”. O deputado avalia que alguém da Prefeitura de Teresina precisa explicar sobre saúde para o presidente da FMS, a quem chamou de “esse rapaz aí”.

“Ele diz ‘Ah, mas recebe incentivo’. Sim, não é escondido. E o serviço é bem prestado, não há reclamação de ninguém. O tratamento oncológico é caríssimo, o tratamento de radioterapia também. Se fosse bom os hospitais particulares estavam atendendo. Ele não pode reter as emendas. Nós vamos averiguar isso, porque qual motivo ele não repassa essa verba que não é dele, que não é da Fundação Municipal de Saúde. Tem que alguém da prefeitura chamar esse rapaz aí para dar uma explicação melhor para ele. Não tem sentido direcionar emenda e ele reter. Eu acho que ele não compreende bem a área da saúde”, avaliou.

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