Pressão inflacionária eleva as taxas de juros do Banco Central
Essa é uma tentativa da autarquia de conter os reajustes no preço da energia
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu, nesta quarta-feira (29), aumentar mais uma vez as bandeiras tarifárias. A bandeira vermelha patamar 2, a mais cara, teve o maior reajuste, de 52%, e passoude R$ 6,24 para R$ 9,49 por 100 kW/h consumidos. O novo preço valerá a partir das faturas de julho. Com o aumento, especialistas apontam que, em média, o custo da energia para o consumidor deve subir 5% em julho.
Com a crise hídrica que atinge fortemente as regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde estão as principais bacias hidrográficas e usinas hidrelétricas, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem acionado cada vez mais usinas térmicas, mais caras, para garantir o abastecimento.
“A curto prazo, não há muito o que fazer. Ficamos dependentes (das termelétricas), e existe impacto no preço, que acaba sendo repassado para o consumidor e nos produtos em geral”, afirmou Joelson Sampaio, coordenador do curso de economia da FGV/SP.
Na última quarta-feira (23),a Câmara dos Deputados havia aprovado uma medida provisória deprivatização da Eletrobras, que condicionava o pagamento de uma indenização de R$ 260 milhões ao Piauí pela venda, em 2018, da Cepisa, a distribuidora de energia do Estado, hoje Equatorial Piauí. A tendência é que o reajuste fique acima de 70%, devido aos níveis da inflação.
Josilmar Cordenonssi, professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, observa que, com a pressão inflacionária, o Banco Central deve continuar elevando a taxa básica de juros, a Selic, na tentativa de conter a disseminação dos reajustes de preços.
“O BC vai ter que aumentar juros para conter o efeito indireto, para que a inflação não se espalhe”, avaliou Cordenonssi. “A taxa de juros alta começa a inibir a economia. Setores sensíveis ao crédito podem ser prejudicados, como o imobiliário”, explicou.