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No Piauí, mulheres transformam redes sociais em vitrine para facções

Segundo a polícia, além de mostrar uma “vida de luxo” incompatível com suas rendas, as “influencers” usam as redes para propagar símbolos de facções.

02 de maio de 2025 às 11:30
5 min de leitura

Após o registro de diversos casos no Piauí entre 2023 a 2025, envolvendo mulheres com milhares de seguidores nas redes sociais investigadas por envolvimento com o crime organizado, tráfico de drogas e diversos outros crimes, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí emitiu um alerta para a população sobre o uso plataformas digitais para a propagação do crime organizado através das “influencers do crime”.

Mulheres presas na Operação Faixa RosaColagem: Lupa1

Segundo as investigações da Polícia Civil, essas influenciadoras, que chegam a somar mais de meio milhão de seguidores, além de ostentarem diariamente uma “vida luxuosa” incompatível com suas rendas declaradas e a divulgação de jogos de apostas ilegais, também fazem apologia ao crime organizado, exibem armas, propagam símbolos de facções e ameaçam rivais, com aparência de “conteúdo comum”.

Caso Samynha

Entre os casos mais emblemáticos está o da jovem Samya Silva, de 21 anos, mais conhecida nas redes como “Samynha”, a influencer e apostadora do “jogo do tigrinho”, que foi assassinada com mais de sete tiros por membros de uma facção rival, da qual fazia parte. Com quase 50 mil seguidores no Instagram, a jovem postava sua rotina e vídeos comemorando votos no STF a favor da descriminalização do porte de maconha.

Blogueira Samynha Silva é morta a tiros na zona Leste de TeresinaFoto: Reprodução

Horas antes de ser morta, Samya havia publicado um vídeo em suas redes sociais mencionando uma briga em uma festa. Nas publicações, a jovem relatou que estava “curtindo” a festa, e uma mulher começou a derramar cerveja nela. Samynha disse ainda que pediu para a mulher tomar cuidado e saiu do local, e que momentos depois uma outra mulher foi tirar satisfação com ela, em um tom exaltado, e apontando o dedo na sua cara.

Operação Jogo Sujo

Outras influenciadoras como Letícia Ellen, Milena Pamela e Marta Evelin (Yrla Lima), foram presas durante a Operação Jogo Sujo, deflagrada em outubro de 2024 pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que combate a promoção de jogos de azar ilegais na internet. As mulheres eram contratadas por plataformas de apostas devido seus altos números de seguidores para divulgar os jogos de apostas como se fossem um serviço de marcas comuns.

influenciadoras Letícia Ellen, Milena Pamela e Marta Evelin (Yrla Lima), presas na Operação Jogo Sujo. Foto: Reprodução/Redes Sociais

O delegado Humberto Mácola alertou que, “apesar de parecer algo inofensivo, os jogos ilegais destroem famílias e arrastam pessoas ao desespero. Muitas venderam seus bens para continuar apostando”.

Caso Charmosinha do 15

Outro caso de grande repercussão é o da influenciadora Maria Eduarda Sousa, conhecida como “Charmosinha do 15”, presa em março de 2025 pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO). Com mais de 35 mil seguidores, a jovem promovia jogos de apostas ilegais e atualmente é investigada por assaltos, tráfico de drogas e ligação direta com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital). Entre 2024 e 2025, Maria Eduarda foi presa três vezes.

Maria Eduarda Sousa, conhecida como “Charmosinha do 15”. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Operação Faixa Rosa

Na última quarta-feira (30), durante a Operação Faixa Rosa, 11 mulheres foram presas, incluindo a blogueira Ana Azevedo, acusada de integrar uma facção criminosa, além de exercer funções como logística do tráfico, disciplina interna e arrecadação de dinheiro ilícito. Conhecida pelo vulgo “Coreana", ela chegou a ser expulsa de Teresina por criminosos da facção rival e, mesmo assim, retornou à cidade.

Juiz decidiu pela manuteção da prisão de todas as mulheres presa na Operação Faixa Rosa

“Essas influenciadoras do mal estão tentando disseminar a cultura da criminalidade para os jovens. Mas não se enganem, elas não são apenas blogueiras, são criminosas. Estamos atentos e vamos continuar combatendo esse fenômeno. A Segurança Pública do Piauí vê além dos filtros, além das telas", destacou o delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO.

A crescente associação entre redes sociais e facções criminosas é um sinal de alerta não só para as autoridades, mas também para a sociedade, que muitas vezes consome esse tipo de conteúdo sem perceber o dano coletivo que ele representa.

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