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A cada 100 mulheres vítimas de feminicídio no Piauí, apenas dez possuía medida protetiva

Somente em 2024, foram contabilizados 56 assassinatos de mulheres, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior.

01 de abril de 2025 às 13:52
4 min de leitura

O número de feminicídios no Piauí tem aumentado de forma preocupante nos últimos anos. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-PI) revelam que, entre 2022 e 2025, o estado registrou 182 casos. Somente em 2024, foram contabilizados 56 assassinatos de mulheres, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior. Em 2025, até março, já são 18 casos confirmados, apontando para uma tendência de alta.

Feminicídio - Foto:Reprodução

Diante desse cenário alarmante, o gerente da Gerência de Análise Criminal e Estatística da SSP-PI, delegado João Marcelo Brasileiro de Aguiar, esteve na Defensoria Pública do Estado do Piauí para participar de uma reunião estratégica. O objetivo foi integrar dados sobre violência contra a mulher e fortalecer a Rede de Proteção, na tentativa de evitar novas tragédias.

Vítimas vulneráveis e falta de denúncias

Os números levantados pelo Núcleo de Estudos Avançados em Segurança Pública (DATASSP) mostram que a vulnerabilidade das vítimas antes do feminicídio é um fator preocupante. A cada 100 mulheres assassinadas, apenas uma possuía medida protetiva. Além disso, 87,85% das vítimas nunca haviam registrado um boletim de ocorrência contra seus agressores.

Outro dado que chama atenção é o local onde ocorrem os crimes: 73% dos feminicídios aconteceram dentro da casa da vítima. A relação com o agressor também é um fator determinante, já que 68% das mulheres foram assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros.

A baixa procura por medidas protetivas pode estar ligada a diversos fatores, como medo de represálias, dependência financeira, falta de informação ou até mesmo a descrença na efetividade das ações do Estado.

Medidas para conter o avanço da violência

Para o delegado João Marcelo, a integração entre a SSP-PI, a Defensoria Pública e outros órgãos é essencial para prevenir novos casos. "A ideia é fortalecer, através de inteligência e dados confiáveis, a atuação da Secretaria frente aos outros órgãos de proteção no estado. Precisamos garantir que essas mulheres tenham acesso rápido e eficaz às medidas de proteção e que os casos de violência sejam prevenidos antes de culminarem em tragédias irreversíveis", afirmou.

Durante a reunião, foram discutidas estratégias para ampliar as políticas públicas de proteção às mulheres, como a implementação do monitoramento eletrônico de agressores, o aumento da fiscalização das medidas protetivas e o fortalecimento das delegacias especializadas no atendimento às vítimas de violência doméstica.

Além disso, a conscientização sobre a importância da denúncia foi apontada como fundamental para reverter esse cenário. “Precisamos intensificar o compromisso de conscientização e aprimorar o sistema de monitoramento, para que mais mulheres em situação de risco consigam denunciar e evitar que a violência chegue ao extremo do feminicídio”, destacou o delegado.

A reunião reforça a urgência de medidas concretas para combater a violência de gênero no Piauí. O desafio agora é transformar esses dados alarmantes em políticas públicas eficazes que garantam a proteção das mulheres e impeçam que novos casos de feminicídio continuem a crescer no estado.

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