Vitória de Silvio faz aliados de Rafael criarem coragem de expor queixas
Análise: não há dúvidas que a vitória de Silvio Mendes em Teresina garantiu, além de um horizonte, o mínimo de equilíbrio na divisão de forças.
Até às 18h50 do último domingo (6), nenhum aliado do governador Rafael Fonteles (PT) ousava fazer uma crítica pública ou expor alguma insatisfação com a condução que o petista faz do seu grupo político. No auge dos 39 anos, com pesquisas apontando alta aprovação, um estilo centralizador e uma oposição até então sem perspectivas, as queixas sobre Rafael se resumiam apenas às conversas reservadas. Publicamente, tudo era um céu de brigadeiro.
Contudo, bastou sair o resultado das eleições municipais para que começassem a surgir algumas queixas. As derrotas de candidatos apoiados pelo governador nas principais cidades do estado, principalmente em Teresina, fizeram alguns aliados criarem coragem de expor publicamente insatisfações.
Nesta quinta-feira (10), o deputado estadual João Mádison (MDB), um destacado defensor do governo Rafael, afirmou que houve erros na condução da campanha. E foi mais adiante: revelou que está faltando diálogo do governador com a base aliada. Segundo Mádison, "não se pode achar que tudo está bonito" e por isso cobrou uma mudança de postura para que os insucessos das eleições municipais não se repitam em 2026.
Deputado João Mádison (Foto: Júnior Santos/Lupa1)
A declaração pública do deputado do MDB é um reflexo de que o resultado do pleito municipal mexeu com as estruturas de um grupo político que, desde 2022, só falava publicamente de um cenário onde tudo era maravilhoso. O fato da queixa ter saído justamente da boca de João Mádison causa ainda mais espanto, uma vez que ele é um dos mais aguerridos defensores do governador e da sua base política. Levantar a bola de governo sempre foi uma marca de Mádison.
O grupo político instalado no Palácio de Karnak continua, sem dúvida, muito forte. Seria, pelo menos a priori, precipitado achar que o resultado amargo nas disputas municipais colocou em risco a possibilidade de reeleição do atual governador em 2026. Como a história recente do Piauí tem mostrado ao longo das últimas duas décadas, derrotas do PT para as prefeituras de Teresina e Parnaíba não impediram que o partido mantivesse a hegemonia no estado.
Porém, não há dúvidas que a vitória de Silvio Mendes em Teresina e de candidatos da oposição nas maiores cidades garantiu, além de um horizonte, um mínimo de equilíbrio na divisão de forças da política estadual (do ponto de vista democrático, isso é bom).
Outro ponto a ser lembrado é: Rafael Fonteles é diferente de Wellington Dias. Se Rafael é mais arrojado em termos de gestão, do ponto de vista político ainda precisa fazer muito para provar que é habilidoso como o seu antecessor, que, apesar das gestões questionáveis, foi eleito quatro vezes governador.
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