Prefeitos da base e prefeitos de partidos da base: duas coisas nem sempre iguais
Em várias cidades a disputa se dá entre candidatos filiados a partidos da base do governador, porém, apenas um pode ser considerado da base do gestor.
O governador Rafael Fonteles (PT) afirmou na segunda-feira (9) que trabalha para garantir que 90% dos prefeitos eleitos no Piauí nas eleições municipais do próximo dia 6 de outubro sejam da sua base aliada. Nesse caso, seria 200 do total de 224 prefeitos, um número politicamente audacioso.
Contudo, é necessário prestar atenção em um ponto: existem os prefeitos que serão eleitos na base aliada do governador Rafael e os prefeitos que serão eleitos em partidos da base aliada do governador. Embora em boa parte dos casos ambas situações sejam a mesma coisa, em muitos outros não é.
Em vários municípios a disputa se dá entre candidatos filiados a partidos da base de Rafael, porém, apenas um nome é, de fato, da base do governador. O próprio Rafael tem ido a diversas cidades ajudar aliados e não poupa críticas aos adversários locais, mesmo muitos deles estando em algum partido de sua base.
Um caso para análise
Prefeito do município de Wall Ferraz, Guilherme Maia, do PSD (Reprodução/Instagram)
Na semana passada, por exemplo, Rafael esteve no município de Wall Ferraz, a 330 km de Teresina. Lá, a disputa é entre o atual prefeito Guilherme Maia (PSD) e Ismael da Farmácia (PT). O prefeito não votou em Rafael em 2022, era do Progressistas e se filiou ao PSD, mas nunca se desligou do senador Ciro Nogueira.
Ao discursar a favor de Ismael da Farmácia na cidade, Rafael Fonteles disse que Guilherme Maia vai levar "taca, taca, taca" em sua tentativa de reeleição e avisou ao prefeito e seu grupo que "não adianta mudar de partido".
Nesse caso, está muito claro que, se Guilherme Maia for reeleito, ninguém poderá incluí-lo na lista dos prefeitos eleitos na base do governador, mesmo ele sendo do PSD.
Na contagem dos 90% que a base de Rafael pretende eleger, Guilherme Maia não pode, jamais, ser considerado. Ainda que Maia venha a se aliar ao gestor estadual no futuro, a estratégia eleitoral do governador no presente é tentar derrotá-lo.
2024 é um, 2026 é outro
Em Itaueira, governador faz campanha para candidato do PT e tenta derrotar o MDB (Reprodução/Instagram)
Essa mesma situação de Wall Ferraz se repete em dezenas de cidades. Em Itaueira, a 344 km da capital, a disputa é entre o atual prefeito Osmundo Andrade (MDB) e Quirino Neto (PT). São dois partidos da base, mas Rafael foi a Itaueira e fez campanha para o candidato de oposição. Da base do governador lá é o petista, não o emedebista.
Osmundo, aliás, mesmo já sendo do MDB, votou em Sílvio Mendes na eleição de 2022.
A tendência é que grande parte dos prefeitos eleitos em 2024 por partidos da base de Rafael, mas que não são aliados do governador, se aliem a ele nos anos seguintes e apoiem sua reeleição em 2026. Contudo, na medição de força política nesta eleição municipal, ninguém deve usar a esperteza de "fazer número" incluindo aqueles eleitos por partidos da base, mas que Rafael fez campanha contra.
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