Coluna Letras da Política

OPINIÃO: Planejar matar adversários é “cruzar o Rubicão” no mundo civilizado

Ainda há muito o que se esclarecer sobre plano para matar Lula em 2022, mas, se ficar provado o que diz a PF, a coisa é muito grave.

20 de novembro de 2024 às 11:15
4 min de leitura

As informações divulgadas na terça-feira (19) pela Polícia Federal sobre um plano para matar o então presidente eleito Lula, o seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes são gravíssimas. O plano criminoso, diz a PF, tinha o objetivo de impedir a posse de Lula e foi arquitetado por militares de alta patente ligados ao governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu as eleições de 2022 para Lula.

Lula, segundo investigação da Polícia Federal, era alvo (Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil)

Conforme as investigações da Operação Contragolpe, os indícios de um suposto envolvimento (ou pelo menos conhecimento) do ex-presidente Jair Bolsonaro na trama são fortes, embora ainda não confirmados. Na primeira fase da operação, a PF prendeu um policial federal, um general da reserva do Exército e ex-integrantes de Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos,” suspeitos de planejar um golpe de Estado.

Ainda há muito o que se esclarecer a respeito de tudo o que tem sido divulgado, mas, levando em conta as informações já reveladas – e considerando-as verdadeiras – não há dúvidas que se trata de uma situação muito grave. Ao longo desses quase dois anos do Governo Lula, houve muitas narrativas políticas sobre golpe, ataques à democracia e ao Judiciário, todas elas fruto de militância política exagerada e acirramentos eleitorais.

Contudo, planejar assassinar um presidente eleito, seu vice e um ministro da Suprema Corte, além de impedir a posse do novo governo, é algo que vai muito além das narrativas de ocasião muitas vezes encampadas por bolsonaristas ou lulopetistas.

Kids pretos presos pela PF na operação Contragolpe

Em 49 a.C, Júlio César, governador da província de Gália, atravessou o rio Rubicão com seu exército e entrou ilegalmente com sua legião em direção à Roma. A travessia do rio, que marcava a fronteira com a Itália, desencadeou uma guerra violenta. Na época, a lei romana proibia que exércitos de terceiros fossem levados para Roma e, por isso, Júlio César jamais deveria ter cruzado o Rubicão com seus soldados. Diz a história que, ao se aproximar do rio, ele teria dito: “A sorte está lançada”.

Júlio César atravessou o rio e deu no que deu. Ele venceu a guerra e se tornou ditador romano, mas às custas de muito sangue. Por conta disso, a frase “atravessar o Rubicão” ou “cruzar o Rubicão” passou para a história como sinônimo de algo que vai além dos limites, de consequências irreversíveis, de uma coisa que passou totalmente do ponto, que foi além da razão.

Se tudo o que foi revelado nesta semana pela Polícia Federal ficar comprovado, longe das narrativas políticas e das paixões eleitorais, pode-se concluir que os que planejaram matar Lula, Alckmin e Moraes “cruzaram o Rubicão” não apenas da democracia, mas da civilidade.

A OPINIÃO DOS NOSSOS COLUNISTAS NÃO REFLETE, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO PORTAL LUPA1 E DEMAIS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DO GRUPO LUPA1 .

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