Fraude eleitoral investigada em cidades do Piauí foi antecipada pela coluna em maio
Suspeitas sobre transferência em massa de eleitores ganham repercussão nacional sete meses após publicação no Lupa1.
O jornal Folha de S. Paulo publicou na noite deste domingo (8) uma reportagem intitulada "Candidatos no Piauí disputaram compra de eleitores de outras cidades, indica investigação".
A publicação aponta a suspeita de um esquema de transferências de títulos eleitorais lastreadas apenas em comprovantes emitidos por microempresas de telefonia atestando um endereço do eleitor. O endereço indicado, porém, é falso.
As transferências em massa são investigadas em cidades da região de Picos, como São Luís do Piauí, Aroeiras do Itaim, Bocaina, Santo Antônio de Lisboa e Santo Inácio do Piauí. Em algumas delas, a eleição foi definida por uma pequena diferença de votos entre os candidatos no pleito de outubro.
Picos, a cidade polo da região, teria sido o município "fornecedor" dos eleitores, contudo, também há eleitores oriundos de outros estados. Segundo investigação das autoridades eleitorais, a principal suspeita é a de que eleitores tenham aceitado fingir a mudança para esses pequenos municípios em troca de dinheiro ou benefícios oferecidos pelos candidatos.
Coluna noticiou em maio
Um dos casos investigados é o de São Luís do Piauí. O município tem pouco mais de 2 mil habitantes, mas recebeu 1.201 novos eleitores via transferência para as eleições municipais deste ano, aumentando seu eleitorado em 45%. Com isso, se tornou a segunda cidade do país com o maior crescimento de eleitores só por meio de títulos vindos de outros municípios.
Lá, o candidato Renato Pio (Progressistas) derrotou Josafá Marques (PT) por uma diferença de apenas 32 votos. Os dois candidatos acusam um ao outro de levar eleitores de outras cidades para São Luís.
Em maio deste ano, esta coluna já abordava com estranheza a transferência em massa de eleitores para São Luís do Piauí e outras cidades da região de Picos. No dia 15 daquele mês publicamos: "Eleitores tentam mudança em massa de domicílio eleitoral usando boleto de loja de celulares".
Boleto de R$ 99,00
A loja em questão é a Start Cell Ltda, que fica localizada no bairro Bomba, em Picos. O pequeno estabelecimento vende celulares Iphone e Xiaomi e oferece serviços de assistência técnica. Centenas de eleitores que pediram transferência de domicílio eleitoral para São Luís do Piauí e outras cidades da região usaram apenas um boleto da Start Cell para provar o suposto vínculo domiciliar com as cidades.
Na época, a coluna apontou, entre outros casos, o de um boleto que foi emitido apenas três dias antes do eleitor solicitar a transferência à Justiça Eleitoral. O boleto era de apenas R$ 99,00, oriundo da suposta compra de um celular, e ainda estava no nome do pai do eleitor solicitante.
Na ocasião, procurada pela coluna, a loja Start Cell disse que não era parte nos processos que questionavam as transferências eleitorais. Afirmou, ainda, que estava aberta a esclarecimentos desde que fosse oficialmente instada nas ações.
Outras empresas
Em Santo Inácio do Piauí, a investigação se baseia em centenas de transferências feitas com base em boletos da microempresa Alves Telecom. Em Aroeiras do Itaim, município cuja quantidade de eleitores passou o número de habitantes em 2024, centenas de transferências foram feitas com base em boletos da pequena loja Progressonet, que, assim como as demais, oferece serviços de telefonia e internet.
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