Dois ex-prefeitos deixam cargos no Detran-PI para disputar eleições
Um deles foi cassado duas vezes e ainda tem rolos com a Justiça; o outro foi preso em 2019 e afastado do mandato.
Com o fim do prazo para desincompatibilização, esses últimos dias foram de muitas exonerações nas administrações públicas pelo País. No Piauí, a enxurrada de portarias publicadas no Diário Oficial do Estado revelou muitos políticos do interior (a maioria derrotados) que estavam lotados em cargos públicos na gestão estadual.
Só no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PI), foram dois ex-prefeitos exonerados em um único dia. Ambos são ligados à deputada estadual Ana Paula Mendes (MDB), que controla politicamente o órgão estadual no governo de Rafael Fonteles (PT). Eles vão concorrer ao cargo de prefeito.
Olha o Zé Nordeste
Um dos exonerados foi José Donato de Araújo Neto, o Zé Nordeste. Ele é irmão da deputada Ana Paula e estava nomeado no cargo de assessor técnico III, símbolo DAS-4, com remuneração bruta de R$ 9,8 mil. A exoneração é datada de ontem, dia 8, mas com efeitos a partir de 5 de abril.
Zé Nordeste já foi prefeito dos municípios de Canavieira e Bertolínia, e teve diversos rolos com a Justiça, tendo sido inclusive cassado em duas ocasiões.
Mais um aliado
Outro que também tinha uma boquinha gorda no Detran-PI da deputada Ana Paula era o também ex-prefeito de Bertolínia, Luciano Fonseca (PT). Ele foi exonerado do cargo de assessor técnico III, símbolo DAS-4, o mesmo de Zé Nordeste. Logo, o salário também é o mesmo: R$ 9,8 mil.
Luciano vai disputar as eleições deste ano para prefeito de Bertolínia. Ele foi preso em 2019, quando era prefeito, numa operação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, por suspeita de corrupção e improbidade administrativa. Na época foram presos ele, o pai, a mãe e a esposa.
O então prefeito ficou 1 mês e meio na cadeia e segue com rolos na Justiça.
Detran-PI é coisa boa
Uma verdade precisa ser dita: o Detran-PI nunca foi bom e acolhedor com o contribuinte piauiense, que paga caro e ainda passa perrengues quando precisa de algum serviço do órgão. Já com os políticos, o velho Detran-PI de guerra sempre foi um paraíso apaixonante e enriquecedor.