Eduardo Costa

Motoristas e cobradores não recebem salários desde março

Classe denuncia descaso dos empresários com os profissionais do transporte coletivo de Teresina.

19 de maio de 2020 às 17:07
4 min de leitura

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, os trabalhadores do transporte público de Teresina protestam contra o descaso com a categoria. Demissões em massa, acordos não cumpridos, salários atrasados e falta de condições de trabalho são as principais reivindicações da classe.

Com todas essas situações, cobradores e motoristas cruzaram os braços e paralisaram 100% da circulação da frota de ônibus na capital, que funcionava em 30% por conta da pandemia. Vários desses trabalhadores se reuniram nesta terça-feira (19), em frente a garagem de uma empresa e realizaram mais um protesto.

Gérson Silva é cobrador da empresa Dois Irmãos há 15 anos. Ele afirma que a empresa está sem pagar salários desde março e que a situação está cada vez mais complicada.

“É toda uma vida dedicada a empresa. Mas sem remuneração fica complicado. Estou dependendo da família, estou sem receber desde março. Os atrasos são muitos. São só promessas e a gente sempre fica a ver navios”, disse o cobrador.

Outras situações como parcelamento do Fundo de Garantia do Tempo e Serviço (FGTS) foram propostas aos trabalhadores do transporte coletivo, e de acordo com a classe, os funcionários que não aceitaram, acabaram demitidos.

“Me chamaram para fazer um acordo, parcelando meu FGTS em dez vezes. Eu não aceitei e me colocaram para demissão. Até agora não pagaram ninguém. Tenho 31 anos de empresa e não quero abrir mão do meu direito”, relatou Carlos Reis, Motorista da empresa Taguatur.

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (Sintetro), garante que a greve continua por tempo indeterminado e que não vão e que não vão parar até que as empresas cumpram com a lei.

"Desde o início da pandemia, onde os empresários passaram a agir de forma arbitrária com os trabalhadores, o Sintetro buscou a Justiça do Trabalho para mediar e resolver a situação. O Ministério Público do Trabalho também apresentou várias propostas e as empresas não aceitaram nenhuma. Vamos continuar lutando. Deflagramos greve por tempo indeterminado e esperamos que as empresas cumpram com a lei", pontuou Francisco Sousa, secretário de previdência social do Sintetro.

A situação dos trabalhadores nunca foi tão delicada. Nem mesmo as empresas que optaram pela Medida Provisória 936 do Governo Federal, cumprem com o pagamento dos 30% dos salários desses profissionais. As demissões em massa desestruturam várias famílias, não só as de motoristas e cobradores, mas as que dependem diretamente do transporte coletivo para o trabalho.

SETUT

Procurado, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros de Teresina (SETUT), se posicionou por meio de nota. Veja:

O SETUT informa que as empresas lamentam a paralisação dos motoristas e cobradores. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a frota já estava circulando com percentual mínimo de 30%. Com a greve, a paralisação da frota chega a 100%, desrespeitando a Lei de Greve.

O SETUT esclarece ainda que não houve, até o momento, nenhum acordo entre as empresas e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro-PI). As reuniões que ocorreram, intermediadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, objetivaram um acordo entre as categorias para evitar demissões no setor. Entretanto, não houve acordo desejado.

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