CPI da Pandemia divide subgrupos para investigar omissão e corrupção

A ideia é que os núcleos ajudem a estruturar um material compacto para agilizar a produção do relatório de Renan Calheiros

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid decidiu dividir as investigações sobre casos de omissão e corrupção do governo federal no enfrentamento a pandemia da Covid-19 em subgrupos. Em reunião, os senadores definiram que os documentos referentes a cada assunto devem ser apurados por sete núcleos.

O reforço será feito pelas senadoras Simone Tebet (MDB-MS) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), que não fazem parte da Comissão, mas têm atuado, comparecendo aos depoimentos e acompanhando as investigações. A ideia é que os núcleos ajudem a estruturar um material compacto, baseado nos documentos recebidos, para auxiliar e agilizar a produção do relatório final, do relator Renan Calheiros (MDB-AL).

A investigação da CPI terá também ajuda de policiais federais, que irão auxiliar no cruzamento de dados e mapeamento de relações entre os alvos. O período de recesso da CPI será aproveitado pelos núcleos para acelerar as investigações dos senadores. Os subgrupos terão suas frentes de investigação, mas poderão contribuir uns com os outros.

  
CPI da Covid
Edilson Rodrigues/Agência Senado
 
 
 

Entenda quais os núcleos a serem investigados

Covaxin

A compra da vacina indiana Covaxin vai ser apurada pelo grupo do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) por suspeita de corrupção na negociação. O Ministério da Saúde fechou contrato com a empresa Precisa Medicamentos e com a farmacêutica indiana Bharat Biotech, do dia 25 de fevereiro, para adquirir 20 milhões de doses por R$ 1,6 bilhão. Outro núcleo vai investigar a atuação de intermediários na compra de vacinas contra a covid-19

Irregularidades em Hospitais

O grupo do senador Humberto Costa (PT-PE) vai mirar nas denúncias feitas pelo governador do Rio, ex-juiz Wilson Witzel, sobre possíveis irregularidades na administração de hospitais federais fluminenses. O senador petista também ficará a cargo da investigação sobre os ganhos milionários de farmacêuticas com a venda de medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid. Remédios como a cloroquina compõe o suposto tratamento precoce contra a doença e são incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro. 

  
Senador Renan Calheiros Jefferson Rudy/Agência Senado
 
 
 

Negacionismo e Fake News

Outra linha de investigação, liderada por Renan Calheiros e pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), vai focar no negacionismo do governo federal no enfrentamento à pandemia e na propagação de fake news. A CPI da Covid já identificou 68 perfis em redes sociais e, agora, irá atrás dos donos. A investigação aponta que as contas se dedicavam a compartilhar fake news sobre o tratamento da doença.

Os senadores irão apurar também palestras financiadas pelo Ministério das Relações Exteriores em que um dos vídeos, removido pelo Youtube, falava sobre a "nocividade do uso de máscaras". Parte desta investigação também tem como objetivo mapear os pagamentos feitos pela Secretaria de Comunicação para agências de publicidade e influenciadores que faziam campanha pela cloroquina e contra a vacina, além de incentivar a população a ir para as ruas. 

A CPI também apura se houve superfaturamento de empresas, a procedência do aplicativo TrateCov, o estímulo a imunidade de rebanho e a crise do oxigênio em Manaus.