Direto ao Ponto

A Justiça e suas faces

Nossa justiça tarda, retarda, atrasa, prorroga, retrocede e – na maioria das vezes, e certamente – sempre falha.

12 de junho de 2023 às 10:56
3 min de leitura

Quase todo dia a televisão me mostra mísseis russos indo em direção a Ucrânia, em sua maioria sendo derrubados pelos ucranianos. No entanto, uns ou outros atingem seus alvos, ou seja, destroem hospitais, escolas, creches etc.

Justiça.Foto: Reprodução

No caso de um soldado matar outro em combate há uma espécie de consenso milenar: o fato não constitui crime – apesar da grande imbecilidade que a guerra é, em si mesma. Putin tem sido indiciado por crimes de guerra pela quantidade de civis, adultos e crianças sendo mortos quase todo dia. Será algum dia punido? Esse preâmbulo ajuda a entender o que vem a seguir.

Vladimir PutinReprodução/Instagram

Milhares de australianos fizeram todo o possível para não deixar a coisa acontecer, mas a Austrália mandou tropas para o Afeganistão, apoiando os Estados Unidos. Mataram-se soldados, morreram soldados, como esperado. Mas aqui na Austrália algo "estranho" aconteceu. Um comitê (não uma CPI, me entendam) foi criado para apurar em detalhes a participação dos militares australianos no Afeganistão.

O comitê descobriu recentemente, depois de meses de trabalho, que as tropas australianas "assassinaram" 39 pessoas (as aspas aparecem no relatório em inglês) entre prisioneiros, trabalhadores rurais e outros civis. E o mesmo comitê descobriu e recomendou que 19 soldados sejam investigados pela polícia.

Evidentemente, esses soldados obedecem ordens de seus superiores, donde... O interessante, é bom notar, é que não foi o governo do Afeganistão que saiu atrás dos criminosos. Baseado no princípio
de que a justiça existe para ser aplicada, o governo australiano está colocando sob investigação estes 19 suspeitos e quem mais vier a ser envolvido.

Dois aspectos do que vimos acima me fazem refletir. Na Austrália não existe essa espécie de couraça de intocabilidade que envolve o militar. No Brasil eles ainda são uma espécie de casta. Este é o primeiro.

O segundo tem a ver com a aplicação da justiça. Isso me traz à memória a figura do ex-prefeito do Rio, que foi julgado e condenado a algumas décadas de prisão. Depois de poucos anos detido, anda hoje de tornozeleira, mora de frente para o mar, e pode viajar para onde quiser dentro do país. Como disse o nosso saudoso Millor Fernandes, "a justiça farda mas não talha". Faz sentido pois, pelo que temos visto, nossa justiça tarda, retarda, atrasa, prorroga, retrocede e – na maioria das vezes, e certamente – sempre falha.

Marcus Cremonese, Rylstone ( Austrália ) Jun 23

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