Hugo Napoleão revela que ida para Ministério das Comunicações em 1992 teve aval de Roberto Marinho

Hugo já tinha sido ministro da Educação e ministro da Cultura no Governo José Sarney.

26 de dezembro de 2023 às 14:14

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Em entrevista ao Grande Jornal Lupa1, o ex-governador Hugo Napoleão revelou que sua ida para o Ministério das Comunicações em 1992, no Governo Itamar Franco, teve o aval do empresário Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo. Hugo já tinha sido ministro da Educação e ministro da Cultura no Governo José Sarney.
Hugo Napoleão (Foto: Laura Cardoso/Lupa1)Presidente nacional do PFL na época, Hugo fazia ligações para governadores da sigla quando foi surpreendido por Antônio Carlos Magalhães, então governador da Bahia, que lhe informou que o empresário Roberto Marinho queria vê-lo ministro das Comunicações.

“Eu era presidente do nacional do partido [PFL] e ligava para todos governadores. Os nove, inclusive o Antônio Carlos [Magalhães], para saber como iam as coisas, se precisavam de alguma coisa. E ele me disse: ‘eu tenho uma notícia pra você. O Roberto Marinho quer lhe ver ministro das Comunicações. Ele pode não fazer o ministro das Comunicações, mas o ministro das Comunicações não será feito sem que Roberto Marinho seja ouvido’, me disse o Antônio Carlos Magalhães”, revelou Hugo Napoleão.

Posteriormente à revelação, Hugo, que era senador na época, recebeu o convite para se encontrar com Roberto Marinho. Na ocasião o empresário ressaltou a simpatia pelo piauiense, oriunda da relação com o pai e avô de Hugo.

Quadro de Hugo Napoleão, ministro das Comunicações (Foto: Arquivo Pessoal/Hugo Napoleão)“Ele me chamou, fui na casa dele, lá no [bairro] Cosme Velho, depois de Laranjeiras, uma casa bonita. Ele me levou até para mostrar as aves dele. Tivemos lá conversando e ele me disse que realmente gostaria muito [de vê-lo ministro]. Ele gostava do meu avô e do meu pai. Meu pai era diplomata, tinha sido chefe do cerimonial da Presidência da República no governo do presidente Juscelino Kubitschek, e eu era jovem ainda. Ele disse que gostaria muito que eu fosse ministro”, continuou o ex-governador.

Ainda de acordo com Hugo, Marinho teria ficado sensibilizado com um discurso feito pelo piauiense sobre o livro que narrava a trajetória do empresário.

“Acho que ele ficou muito sensibilizado, porque o Nelson Jobim na Câmara, que foi depois ministro do Supremo Tribunal Federal, e eu, no Senado, fizemos discurso sobre o livro do Roberto Marinho - Uma trajetória liberal. Isso deu muita cobertura no Jornal Nacional do dia. Acho que ele ficou sensibilizado com que eu tinha dito e assim disse para mim: ‘Eu não vou falar com presidente Itamar, mas se ele me ligar...’”, seguiu.

Hugo Napoleão durante entrevista ao Grande Jornal Lupa1 (Foto: Geisilane Araújo/Lupa1)O presidente Itamar Franco ficou sabendo da simpatia de Roberto Marinho pelo piauiense e resolveu chamar Hugo para uma conversa. Durante o encontro, o chefe do executivo ligou para o empresário, que confirmou o interesse em ver Napoleão assumir o ministério.

“Ele me chamou para conversar e fez uma ligação na minha frente para o Dr. Roberto Marinho. Ele ligou para o Dr. Roberto Marinho, que disse a ele por A mais B: ‘Olha, o senhor fica livre, claro. O senhor é o presidente da República, mas eu tenho muita simpatia pelo senador Hugo Napoleão’ e o presidente Itamar respondeu: ‘então será ele’”, continuou o piauiense.

O ex-ministro relembrou a passagem pelo Ministério das Comunicações, época em que a telefonia celular se expandiu no Brasil. “Foi nessa fase em que chegou o celular, trouxe até para o Piauí. Dobrei as linhas da Embratel na época, era empresa pública de telefonia DDI, ligação direta nacional e internacional, e botei celular em todo o Brasil, levei os celulares. Não se deve a mim, se deve a tecnologia naturalmente e fiz implantar os satélites BrasilSat B1 e B2. E o A1 e o A2 foram para o espaço”, finalizou.

Hugo Napoleão

Hugo Napoleão do Rego Neto é filho do diplomata Aluísio Napoleão de Freitas Rego e neto do ex-deputado federal Hugo Napoleão Rego. É advogado formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e no começo da carreira profissional atuou como advogado do presidente Juscelino Kubitscheck.

Exerceu mandatos de deputado federal, senador da República e governador do Piauí e comandou os ministérios da Educação, da Cultura e das Comunicações.

Atualmente filiado ao PSD, Hugo Napoleão disputou sua última eleição em 2014, quando tentou se reeleger deputado federal, mas não obteve sucesso. Durante entrevista ao Lupa1, destacou que tem se dedicado à família e ao seu escritório de advocacia e prefere se manter longe das disputas eleitorais, participando dos pleitos apenas como apoiador.

Confira o trecho da entrevista