Andressa Martins

Dom Inocêncio: Justiça suspende pesquisa de instituto cuja sócia é servidora da prefeitura

Juíza viu erros materiais graves nos métodos utilizados e apontou que vínculo de sócia com a gestão municipal prejudica a isenção da pesquisa.

30 de abril de 2024 às 10:24
4 min de leitura

A juíza Uismeire Ferreira Coelho, da 95ª Zona Eleitoral de São Raimundo Nonato, determinou a suspensão de uma pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Divulga SRN no município de Dom Inocêncio, a 615 km de Teresina. A decisão é desta segunda-feira (29). A pesquisa apresentou números amplamente favoráveis ao pré-candidato Fernande Filho (PSD), que é apoiado pela atual prefeita Virgínia Dias (Progressistas). Fernande tem como vice Marcos Damasceno (PT).

Dom Inocêncio (Foto: Gustavo Almeida/Lupa1)

Após o levantamento ser questionado na Justiça, a juíza Uismeire Ferreira verificou erros materiais graves nos métodos adotados. Na decisão em que determina a suspensão, a magistrada aponta a existência de irregularidades graves como a falta de constatação da origem de recursos despendidos na pesquisa, ausência de dados quanto ao nível econômico dos entrevistados e a não menção dos dados atualizados da população do município.

No entanto, um outro ponto chamou atenção da juíza: a sócia-administradora do Instituto Divulga SRN, Luciene Santos Dias Rodrigues, trabalha na Prefeitura de Dom Inocêncio. Ela é servidora concursada do município, cedida desde outubro de 2022 para o Fórum de São Raimundo Nonato. Na decisão, a juíza Uismeire Ferreira destaca que a possível relação direta entre Luciene e a gestão municipal de Dom Inocêncio prejudica a imparcialidade da pesquisa.

"A pesquisa impugnada contém indícios das irregularidades apontadas pelo representante, vez que há ausência de dados quanto ao nível econômico dos entrevistados, não menção dos dados atualizados da população do município, utilizando-se apenas de estatísticas de eleitorado do TSE e TRE/PI, podendo configurar plano amostral desatualizado. Por fim, a provável relação direta entre a representada e a gestão atual do município de Dom Inocêncio, se confirmada, pode ensejar fato que leve ao questionamento da parcialidade na realização do trabalhos, razão pela qual mostra-se prudente suspender a divulgação da pesquisa, face sua provável irregularidade", diz a decisão.

Fernande Filho e a prefeita Virgínia. Ele apagou a pesquisa das redes sociais (Reprodução/Instagram)

Após a ordem, tanto a empresa Divulga SRN como o pré-candidato Fernande Filho e seus aliados apagaram as publicações referentes à pesquisa nas redes sociais. A empresa pode recorrer da decisão. A juíza fixou multa de R$ 5 mil para cada eventual caso de descumprimento.

Outro lado

Em vídeo no Instagram, o diretor-administrativo do Instituto Divulga SRN, Jeová Rodrigues, afirmou que recebeu a decisão "de forma natural" e classificou o episódio com a pesquisa de Dom Inocêncio como "um caso isolado". Segundo ele, o fato de haver irregularidades nos métodos da pesquisa não significa que ela seja fraudulenta.

Sobre o fato da sócia da empresa ser funcionária da prefeitura da Dom Inocêncio, Jeová alegou que ela é servidora concursada e que seu vínculo é com o município, e não com a gestão da prefeita Virgínia e seus aliados.

A disputa eleitoral em Dom Inocêncio é protagonizada pelos pré-candidatos Fernande Filho (PSD) e Luzivalter Santos, o Nenê (MDB).

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