Política

CPI da Pandemia: Dominghetti apresenta áudio que supostamente mostra Luis Miranda negociando vacinas

O policial militar foi ouvido nesta quinta-feira (01) na CPI

01 de julho de 2021 às 16:12
5 min de leitura

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta quinta-feira (01), o policial militar de Minas Gerais, Luiz Paulo Dominghetti Pereira, que se apresentou inicialmente como um vendedor autônomo da empresa Davati Medical Supply, afirmou que o deputado federal Luis Claudio Miranda (DEM-DF) tentou negociar as compras da vacina junto a Cristiano Alberto Carvalho, que seria um representante da empresa Davati.

No áudio, Miranda fala em um suposto comprador, mas não menciona a vacina.

Luiz Paulo Dominghetti Agência Senado

“Vou falar direto com o cara, o cara vai pedir toda a documentação do comprador. Meu comprador já está de saco cheio disso, ele vai pedir prova de vida antes e a gente não vai fazer negócio. Então, isso, nem perde tempo, porque você sabe que eu tenho um comprador e com potencial de pagamento instantâneo. Compra o tempo todo lá, em quantidade menores, obviamente. Se o seu produto estiver no chão, cara fizer meu vídeo, falar meu nome ‘Luis Miranda, tenho aqui o produto e tal‘, o meu comprador entende que é fato e encaminha toda a documentação necessária, amarra, faz as travas, os contratos todos e bola para frente. Não vou mais perder tempo com esse comprador que desgastou muito nos últimos 60 dias. É muita conversa fiada no mercado. E aí eu não me sinto bem confortável — ‘ó, encontrei uma carga, vamos dar prosseguimos, vamos mandar toda a documentação de novo’ (...). O cara faz uma live comigo, um Facetime, Skype, mostra a carga, ou se quiser marcar um vídeo, mostra o produto para mim, e tá tudo certo, bola para frente, mando para o cara na hora e o cara fecha negócio. O cara tem cliente fixo, ele tem recorrência, ele fechou alguns contratos de entrega com Walmart, Walgreens (Pharmacy), rede de restaurantes, hospitais. Ele tem recorrência”.

A Davati Medical Supply admitiu que Luiz Paulo Dominguetti Pereira intermediou sim a negociação com o Ministério da Saúde, porém não tem conhecimento do suposto pedido de propina. “Nesse caso, ele apenas intermediou a negociação da empresa com o governo, apresentando o senhor Roberto Dias”, afirmou a empresa. Dominguetti e Cristiano Alberto Carvalho, representante oficial da empresa no país, atuaram juntos na negociação com a pasta.

Confira o áudio na íntegra:

Dominguetti apresenta áudio que mostraria Luis Miranda negociando vacinas

Quando questionado pela senadora Eliziane Gama em depoimento à CPI, Dominghetti voltou atrás, afirmando que quando recebeu o áudio de Cristiano, ele colocou um “print” de uma publicação de um deputado e o áudio embaixo.

“Eu não sei o teor que ele conversou, não sei o que ele conversou, qual foi a narrativa, de quando foi o áudio, não posso fazer esse juízo de valores. Quem pode responder que tipo de transação, quando foi feita, momento que fez, é somente o Cristiano”, afirmou. O modus operandi que se sugestiona no áudio, como eu conheço, ninguém faz prova de vida de vacina. Ninguém pega celular e filma a vacina. Mas como veio sugestionado em cima um print dele, e embaixo do áudio, eu não sei ao certo qual a tratativa comercial estava sendo tratada ali”.

Dep. Luis Miranda na CPI da Covid crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Luis Miranda respondeu minutos depois, em entrevista no Senado, que o áudio se referia a uma negociação para aquisição de luva de uma de suas empresas nos Estados Unidos. De acordo com ele, Dominghetti é uma figura que surge apenas para prejudicá-lo, por ter feito denúncias que atingem diretamente o presidente Jair Bolsonaro.

O deputado depôs à CPI semana passada, ao lado do seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, e afirmou que levou ao inquérito suspeitas do seu irmão em relação à negociação da vacina Covaxin.

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