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​Simepi repudia afastamento de médico que discutiu em hospital de Demerval Lobão

Em nota, o sindicato disse que o profissional estava "claramente" exaltado pela sobrecarga do trabalho.

28 de abril de 2023 às 22:03
7 min de leitura

O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí (SIMEPI) repudiou nesta sexta-feira (28) o afastamento do médico Jelson Rui Paulino Lima, de 29 anos, do Hospital Estadual João Luís de Moraes, em Demerval Lobão.

Médico flagrado discutindo com pacientes
Reprodução

Em um vídeo gravado por um paciente, o médico aparece exaltado, chegando a bater boca e desferir palavrões. "Se fracasso eu só atendo urgência e emergência, e acaba essa putaria aqui".

Após a repercussão do caso, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) se solidarizou com os pacientes e afastou o médico plantonista.

Em uma nota extensa o Simepi lamentou disse que tomou conhecimento do caso apenas pelo vídeo, não tendo sido procurado por Jelson Rui Paulino. De acordo o Sindicato, que pela análise das imagens percebe-se que o profissional estava exercitando suas atribuições funcionais, atendendo os casos de urgência e emergência de acordo com a gravidade, quando foi pressionado por uma paciente.

“O médico, claramente exaltado pela sobrecarga de trabalho e pela infundada pressão sofrida, declarou que estava respeitando a ordem legal de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, e, em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito", diz a nota.

O Simepi ainda informou que a reação do profissional era mais uma das "nefastas consequências da sobrecarga do trabalho e do atendimento nos plantões médicos, onde não há médico e nem leitos suficientes para a excessiva demanda".

O sindicato declara que a atitude do médico, embora inflamada, foi "correta" e finaliza repudiando o afastamento do médico, ressaltando que ele precisa do apoio dos seus empregadores, incluindo a saúde mental e psíquica.

Entenda o caso

Um vídeo que ganhou repercussão na Internet mostra o médico plantonista Jelson Rui Paulino Lima, de 29 anos, irritado e gritando com pacientes. O registro foi feito por uma pessoa que aguardava atendimento no Hospital João Luís de Moraes, em Demerval Lobão.


Nas imagens o médico aparece exaltado e discutindo com uma das pacientes. "Você não é médica, eu que sei a prioridade dessa po**a aqui", falou.

Antes de voltar ao consultório, o profissional ainda disse que "febre e dor de cabeça" não eram problemas dele e que "se frecar" só atenderia urgência e emergência.

"O médico sou eu, e eu que sei a prioridade aqui" disse.

Veja a nota completa do Simepi:

O Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí – SIMEPI, entidade representativa da categoria profissional médica, instado a se manifestar sobre o acontecido fartamente veiculado na mídia envolvendo o médico que estava de plantão no Hospital Estadual João Luís de Moraes, no município de Demerval Lobão-PI, vem a público, por meio desta, incialmente esclarecer que tomou conhecimento do ocorrido apenas através do vídeo divulgado, não sendo procurado pelo citado profissional. Contudo, em cumprimento ao seu dever na defesa dos direitos e interesses da categoria médica, o SIMEPI ressalta que, pela análise do vídeo, percebe-se que o profissional estava no lídimo exercício de suas atribuições funcionais, atendendo aos casos de urgência e emergência, de acordo com a gravidade, quando foi pressionado pela paciente, que exigia imediato atendimento, à qual o médico, claramente exaltado pela sobrecarga de trabalho e pela infundada pressão sofrida, declarou que estava respeitando a ordem legal de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, e, em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito.


Vê-se que a reação exaltada do profissional é mais uma das nefastas consequências da sobrecarga de trabalho e de atendimento nos plantões médicos, onde não há médicos e nem leitos suficientes para a excessiva demanda. As razões expostas pelo médico, ainda que de forma inflamada, foram corretas. Há muito tempo o SIMEPI vem denunciando e alertando sobre as más condições de trabalho médico nos plantões, inclusive com a campanha “PLANTÃO MÉDICO NÃO É CONSULTA”, em razão do deficiente funcionamento dos serviços de atenção básica na saúde pública, que consequentemente sobrecarregam os serviços de urgência e emergência e o número de atendimentos, desvirtuando o serviço e penalizando os profissionais. Por fim, o SIMEPI veementemente REPUDIA o afastamento do médico em questão, o qual, diante da pressão e repercussão sofrida e da sobrecarga de trabalho, necessita receber apoio e acompanhamento dos seus empregadores, inclusive quanto à sua saúde mental e psíquica, recomenda fortemente à Direção do hospital que, caso inexistente, adote e cumpra serviço de triagem, além de respeitar a autonomia profissional do médico. Recomendamos, ainda, de forma URGENTE, aos gestores, a melhoria das condições de trabalho do médico e das estruturas físicas adequadas para atendimento, a realização de concurso público imediato com um número de médicos adequado para a grande demanda e a garantia de segurança nos hospitais.

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