Pandemia prejudica saúde mental de profissionais da linha de frente; diz pesquisa
De acordo com a OMS, desde 2017 o Brasil tem o maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade em todo o mundo.
Uma pesquisa do Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) ouviu 1.829 profissionais de diversos campos da área de saúde em todas as partes do país e 80% deles disseram que tiveram algum problema de saúde mental ao longo do último ano. Esse aumento exponencial de casos de ansiedade em profissionais de saúde é evidenciado pelo constante estresse no qual são submetidos.
A mudança brusca da rotina, o isolamento social e a sobrecarga de plantões contribuem para um quadro no qual os técnicos sentem o verdadeiro impacto de muitas vezes ter que escolher entre uma vida ou outra. A superlotação dos hospitais e a taxa de mortalidade atual do Covid levam a demanda extrema por leitos e agentes, que acabam por arriscar sua saúde em detrimento da saúde do outro.
No Piauí, esse quadro se agrava, visto que o estado já tem um péssimo histórico com transtornos mentais, ocupando 5º lugar no ranking nacional. Além disso, vale ressaltar que o preconceito em relação ao tema prejudica e agrava o cenário de quem já tem predisposição e que diariamente entra em contato com a Covid-19, a morte e constante isolamento social.
Durante o funcionamento dos hospitais de Campanha no Piauí, algumas técnicas eram adotadas para amenizar os impactos na saúde mental dos profissionais da saúde. Eduardo Moita e os demais psicólogos que atuaram no Hospital de Campanha Padre Pedro Balzi, afirmam que eram promovidas conversas constantes com todo o corpo de funcionários que lidavam diretamente com os pacientes.
“Elaborávamos normas técnicas, que incluíam, por exemplo: orientar enfermeiros e maqueiros na abordagem de pacientes que chegavam. Aconselhamos os profissionais a se aproximarem, se abaixar até a altura dos olhos, se apresentarem e dizerem que estão ali para dar todo o apoio necessário, e isso deu bons resultados”, esclareceu Eduardo Moita.