Vereador de Sigefredo Pacheco é condenado por associação ao tráfico; Vai continuar no cargo

Além do vereador, outas 05 pessoas foram condenadas na mesma ação

O juiz Leonardo Lucio Freire Trigueiro, da Vara de Delitos de Tráfico de Drogas da Comarca de Teresina, condenou, no dia 16 de abril de 2025, os réus no processo que se arrasta desde 2017 e que envolve um grupo denunciado por associação para o tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo. O caso teve como origem a chamada Operação "Mundico-Ronaldo", conduzida pela então DEPRE-PI, atual DENARC-PI.

De acordo com a sentença, o Ministério Público Estadual denunciou seis indivíduos identificados como Ronaldo Pereira de Oliveira, Francisco José Araújo de Moura, Carlos Henrique Pereira Alves, José Ricardo de Sousa, Ana Paula dos Santos Pereira e Francisco das Chagas Pereira de Oliveira, sendo este último vereador da cidade de Sigefredo Pacheco-PI, conhecido como Franciner Zuza (Republicanos).

Franciner Zuza, vereador de Sigefredo Pacheco

As investigações iniciadas em 2017 incluíram interceptações telefônicas, operações de busca e apreensão em Teresina e Campo Maior, e depoimentos de testemunhas. Durante as diligências, foram apreendidos armamentos, munições e materiais usados na fabricação de cartuchos, além de celulares, dinheiro e cadernos com anotações.

As conversas interceptadas revelaram o uso de códigos como "óleo" para crack, "branca" para cocaína e "mercadoria" como termo genérico para drogas. Os áudios indicam que os réus mantinham uma relação estável e organizada voltada para o tráfico, com divisão clara de tarefas e comunicações constantes.

O núcleo da organização, conforme descrito na sentença, era dividido em dois grupos principais. O primeiro, liderado por Ronaldo, incluía Francisco José (“Neném”) e Francisco das Chagas (“Chico”), e o segundo, formado por Neném, sua companheira Ana Paula e José Ricardo (“Negão do Gás”). Neném é descrito como o líder operacional da rede.

As defesas dos acusados sustentaram, em suas alegações finais, a inexistência de provas suficientes e tentaram desvincular os réus da prática criminosa, atribuindo os termos interceptados a negócios legais de óleo lubrificante e relações familiares. Contudo, o juiz considerou consistentes os testemunhos policiais e as evidências coletadas, destacando a coerência entre os áudios e os relatos dos investigadores.

Sentença

Na sentença, o juiz decretou o perdimento, em favor da União, de todo o dinheiro apreendido no processo, uma vez que os valores não tiveram origem lícita comprovada. Além disso, foi ordenado o descarte de diversos objetos apreendidos, podendo, alternativamente, serem destinados pelo Projeto Destinar.

O magistrado também determinou o perdimento de dois veículos, um Peugeot 207 Passion e uma VW Amarok, cujas propriedades legítimas e origens lícitas não foram comprovadas ao longo do processo, ressaltando que, o Peugeot continuará sob uso autorizado do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (DENARC-PI), conforme autorização anterior de 2018, até que haja nova deliberação judicial ou o trânsito em julgado do processo.

Vereador condenado

Um dos condenados na sentença, Francisco das Chagas Pereira de Oliveira, conhecido como Franciner Zuza, exerce atualmente o mandato de vereador na cidade de Sigefredo Pacheco. Ele foi eleito em 2024 com 481 votos e, apesar da condenação judicial por associação ao tráfico de drogas, continuará no cargo.

 O caso de Franciner Zuza, suscita comparações com o da vereadora de Teresina, Tatiana Medeiros (PSB), presa recentemente por envolvimento com facções criminosas. Ambos os episódios revelam um cenário preocupante de infiltração do crime organizado nas estruturas políticas locais, expondo fragilidades no sistema de controle e integridade da representação pública.