Uma operação conduzida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em colaboração com diversas instituições resultou no resgate de duas pessoas submetidas a condições de extrema exploração no município de Planura, em Minas Gerais. Três indivíduos, supostamente um trisal, foram detidos, suspeitos de envolvimento em práticas de trabalho análogo à escravidão e outros crimes graves.
As vítimas, ambas de origem uruguaia e integrantes da comunidade LGBTQIAPN+, relataram uma série de abusos, incluindo cárcere privado, coerção física e psicológica, exploração sexual e jornadas de trabalho forçadas sem qualquer forma de pagamento. O caso veio à tona após denúncia anônima que levou à mobilização das autoridades competentes.
Segundo as investigações, os suspeitos aliciavam as vítimas através das redes sociais, utilizando falsas promessas de emprego e acolhimento para atrair pessoas em situação de vulnerabilidade. Ao chegarem ao Brasil, as vítimas foram isoladas e submetidas a um regime opressivo, em condições insalubres e degradantes.
Um dos resgatados viveu por quase uma década sob essas condições, chegando a ser forçado a tatuar as iniciais de um dos autores dos abusos. A outra vítima, uma mulher trans, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), possivelmente provocado pelo sofrimento contínuo e pelas agressões vivenciadas.
A operação foi realizada nos dias 8 e 15 de abril, com apoio da Polícia Federal, do Ministério Público do Trabalho (MPT), de auditores fiscais e de instituições de apoio a vítimas, como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e a Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC).
As vítimas estão recebendo acompanhamento médico, psicológico e jurídico, enquanto os suspeitos, presos em flagrante, permanecem sob custódia e poderão responder por crimes de tráfico de pessoas, trabalho escravo, e violência contra a dignidade humana.