Trump, o muro e o Karnak
Verdadeiro destaque foi sua estratégia de comunicação.
Trump, o muro e o Karnak
O discurso de posse de Donald Trump como o 47º presidente dos Estados Unidos foi marcado por mais do que as polêmicas habituais e os decretos assinados logo após sua diplomação. O verdadeiro destaque foi sua estratégia de comunicação: simples, direta e altamente eficaz, direcionada tanto ao público americano quanto à audiência global.
Trump, o muro e o Karnak - Foto: Reprodução
Trump garantiu sua vitória na corrida à Casa Branca ao ultrapassar os 270 delegados do Colégio Eleitoral e, desta vez, também liderou no voto popular. Esse feito foi impulsionado por uma abordagem inovadora de marketing, que muitos consideram uma verdadeira "aula de marketing político". Ao longo de sua campanha, ele redefiniu os paradigmas tradicionais ao não se limitar a um discurso autocentrado. Em vez disso, reposicionou sua narrativa para refletir as divisões e os debates mais urgentes da sociedade americana. Essa mudança de foco, centrada nas preocupações do eleitorado, não apenas captou a atenção, mas também gerou identificação com as massas.
No atual cenário político, um líder 4.0 precisa entender que o eleitor não está mais em busca de alguém que simplesmente ofereça soluções prontas para seus problemas. O eleitor moderno quer ser ouvido, compreendido e ver suas inquietações e valores refletidos na comunicação e nas ações de seus representantes.
A inovação na comunicação
Trump trouxe um nível inédito de inovação ao núcleo de sua campanha, usando as redes sociais como principal ferramenta para contornar a resistência da mídia tradicional. Ele alcançou um público muitas vezes distante das audiências tradicionais de cobertura política. As transmissões ao vivo no Twitch, o uso do X (antigo Twitter) como plataforma para defender a liberdade de expressão, os podcasts com declarações polêmicas e espontâneas, e o mantra “America First” ajudaram a consolidar a imagem de um político “autêntico” e conectado ao sentimento de pertencimento do eleitor.
Essas ações criaram um produto político que, para muitos, parecia mais real e acessível. Trump não apenas ultrapassou as “fronteiras” da comunicação tradicional, mas também derrubou o “muro” entre sua mensagem e os eleitores.
O muro
Quando políticos ou governos reduzem a comunicação a um ato meramente institucional, erguem um muro invisível, mas potente, entre suas ações e a população. Essa barreira limita o diálogo, aliena os cidadãos e enfraquece a conexão entre governantes e governados.
Nem sempre o muro é real, mas é como se fosse.
E o Karnak?
De Washington para Teresina, epicentro do poder estadual, o desafio não é menos complexo. Após a crise de imagem recente e devastadora envolvendo o Governo Federal e o PIX, uma luz de alerta foi acesa para governantes de todo o Brasil: a minha comunicação funciona?
Para governos alinhados partidária ou politicamente com o presidente Lula, essa luz de alerta já se aproxima do nível de emergência.
A questão central vai além de pesquisas de opinião. Trata-se de algo mais profundo: o imaginário coletivo sobre o trabalho de um governo. Em outras palavras, como as pessoas percebem as ações e resultados de uma gestão por meio de uma comunicação social que deveria ser única, integrada e eficaz.
E, simplificando ainda mais: o cidadão sabe o que o governo está fazendo?
Se a resposta for “não”, ou mesmo um hesitante “talvez”, então há um muro a ser derrubado. A comunicação, quando bem planejada e executada, não é apenas uma ferramenta para informar, mas um pilar estratégico para engajar, conectar e legitimar. Em tempos de desinformação e polarização, é também uma ponte indispensável entre governantes e a sociedade que eles representam.
Fica a dica.
A OPINIÃO DOS NOSSOS COLUNISTAS NÃO REFLETE, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO PORTAL LUPA1 E DEMAIS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DO GRUPO LUPA1 .