Conforme dados do governo federal, o Brasil fecha o ano de 2023 com 21,3 milhões de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família, que garante o básico para que muita gente não passe fome. Para alguns políticos, é motivo de orgulho – e de dividendos eleitoreiros – quando o número de beneficiários cresce. Tem até propaganda.

Contudo, o que salta aos olhos e causa espanto é a falta de alguns gestos governamentais diante de um país onde parte significativa da população ainda depende de programas sociais para poder sobreviver. Nesta segunda-feira (25), o jornal O Estado de S. Paulo divulgou que o governo do presidente Lula (PT) gastou em 2023 um total de R$ 26,8 milhões com reformas, compra de móveis novos, materiais e utensílios para os palácios presidenciais.

Segundo o Estadão, nenhum dos governos anteriores gastou tanto com esse tipo de aquisição.

Janja e Lula (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Chama atenção a compra de um tapete de R$ 114 mil para o Palácio do Planalto e um sofá escolhido pela primeira-dama Janja para o Palácio da Alvorada no valor de R$ 65 mil. Isso mesmo, um sofá de R$ 65 mil!

Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo Federal alegou que os itens não são de luxo e que suas aquisições, como no caso do tapete de R$ 114 mil, são necessárias para dar mais "brasilidade" aos palácios.

As compras feitas e as que ainda estão com processo em andamento incluem a aquisição de móveis e objetos para os palácios do Planalto (sede do governo), da Alvorada (residência oficial do presidente), a Granja Torto (casa de campo do presidente) e o Palácio do Jaburu (residência do vice-presidente).

Pai dos pobres

Para um político que ao longo do tempo tentou capitalizar unicamente para si o discurso de enfrentamento à pobreza, o presidente Lula emite uma péssima mensagem ao País com compras tão caras para palácios em apenas um ano.

Não há nenhuma justificativa plausível para explicar como um país que tem 21,3 milhões de famílias dependentes de um programa social que paga R$ 600 por mês gaste R$ 114 mil de dinheiro público na compra de um tapete e R$ 65 mil em um sofá. É inaceitável que um País com milhões de miseráveis gaste R$ 26,8 milhões com reformas, compra de móveis e objetos para palácios em apenas um ano.

Prática e discurso estão longe de estar em sintonia.

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