Réu na Operação Inventário, advogado Dellano Sousa é acusado de chefiar fraudes judiciais no Piauí

Dellano Sousa foi denunciado como líder de organização criminosa que fraudava processos no Piauí e no Maranhão, com lavagem de dinheiro e estelionato.

Uma herança falsa, um morto processado como se ainda estivesse vivo e alvarás milionários saindo de fóruns do Piauí e Maranhão.

O que parece roteiro de série criminal virou realidade em meio à denúncia formal apresentada pelo Ministério Público do Estado do Piauí contra Dellano Sousa e Silva — acusado de liderar um esquema de fraudes judiciais que movimentou mais de R$ 1,2 milhão em dinheiro público e privado.


Réu no processo que ficou conhecido como “Operação Inventário” é apontado como o cérebro por trás de uma organização criminosa que articulava ações judiciais fictícias para desviar recursos através de decisões liminares, acordos forjados e documentos falsificados. Advogados, empresários, servidores e até o neto de uma juíza estão entre os envolvidos.

O processo segue em tramitação na 5ª Vara Criminal de Teresina, e tudo indica que novos desdobramentos devem vir à tona nos próximos dias.
O Lupa1 teve acesso à denúncia e revela agora os detalhes dessa investigação.

 

Advogado, acusado Dellano Sousa


COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA?


A quadrilha simulava disputas judiciais com base em inventários e reclamações trabalhistas fraudulentas. Em um dos casos mais emblemáticos, o grupo montou um processo em Demerval Lobão (PI), onde uma suposta herdeira que nunca morou no Piauí — e sequer era herdeira legítima — solicitou o levantamento de valores de um falecido. Foram movimentados cerca de R$ 500 mil.

Segundo o MP, os mesmos documentos foram usados em *quatro ações trabalhistas fraudulentas em Barra do Corda (MA)*, movidas contra pessoas já falecidas. Advogados de ambas as partes simulavam acordos judiciais e acessavam os valores via alvarás.

QUEM É DELLANO?

 

Dellano. Quem é ele?


Dellano é apontado como mentor do grupo. Utilizava sua empresa “Dell Soluções Inteligentes” para movimentar o dinheiro obtido com os golpes. 


Comprou:

• BMW 320i  
• Toyota SW4  
• Três jet skis  
• Imóveis em Teresina e Ribeirão Preto  
• Um rancho em Miguelópolis (SP)

O padrão de vida incompatível com sua renda chamou atenção dos investigadores. Ele já foi condenado por porte ilegal de arma, e responde por estelionato e fraudes bancárias.

ESTRUTURA FAMILIAR E DIVISÃO DE FUNÇÕES


A denúncia cita mais de 10 envolvidos. Entre eles:  
• Ana Clarine (companheira de Dellano)  
• Diego Guilherme (enteado)  
• Liana Érika, Elano Lima, Natália Miranda e Elizafan Amorim (advogados)  
• Diego Gedean (neto de magistrada)

O grupo tinha divisão clara de tarefas: produção de documentos, simulação de disputas judiciais e movimentação financeira.

LAVAGEM DE DINHEIRO E BENS BLOQUEADOS


Após os golpes, o dinheiro era pulverizado entre contas de “laranjas” usando o método *smurfing*. A Polícia Civil já solicitou o bloqueio dos bens via BacenJud e Renajud.

PROCESSO SEGUE E DESDOBRAMENTOS SÃO ESPERADOS


O processo nº 0845205-43.2022.8.18.0140 segue em andamento. A defesa ainda não se pronunciou. O MP afirma que novas fases da investigação devem ser deflagradas em breve.

O QUE DIZ O MINISTÉRIO PÚBLICO

 

Dellano é tido como líder da organização criminosa, comandando e coordenando toda a operação. Como se percebe, Dellano utiliza-se dos valores ilicitamente auferidos na compra de bens, com a finalidade de dá-los aparência de licitude. Ocorre que, juntamente com sua esposa Ana Clarine e enteado Diego, ostentam padrão de vida incompatível com o resultante de suas atividades. As investigações provaram que o referido denunciado empregava o dinheiro ilicitamente auferido em bens de elevados valores: