Saiba porque Bento XVI renunciou ao papado

O alemão Joseph Ratzinger foi o primeiro a renunciar ao cargo em mais de 600 anos.

O Alemão Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVI, foi o primeiro papa a renunciar em quase seis séculos desde de Gregório XII, em 1415. Alegando cansaço físico e mental, Bento XVI surpreendeu a Igreja ao pedir sua renúncia.

 
Papa Bento XVI
Reprodução



Em uma carta divulgada em 29 de fevereiro de 2013, Bento XVI anuncia formalmente a sua renúncia.


“Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino" disse


Bento XVI ainda completa dizendo que para estar a frente do trono de São Pedro era preciso vigor do corpo e do espírito, algo que ele já estava diminuindo.



"Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado."

 
Papa Bento XVIReprodução/VaticanNews



Bento XVI então se afastou no cargo e passou a viver nas dependências do Mosteiro Mater Ecclesiae, nos jardins do Vaticano. Conhecido por sua defesa pelas tradições da Igreja, Bento participou de muitos momentos importantes da Igreja Católica e é considerado um dos melhores teólogos da Igreja. Sua série de livros "Jesus de Nazaré" virou best-seller, com milhões de livros vendidos em todo o mundo.

Algumas polêmicas cercaram o pontificado do Papa emérito. Em 20 de Janeiro de 2022 foi divulgado um documento sobre casos de pedófila cometidos na Arquidiocese de Munique e Freising, na Alemanha, entre 1977 e 1982, quando Ratzinger era arcebispo.

Sobre os abusos, Bento XVI se pronunciou em uma carta onde pede desculpas por não ter agido mais firmemente e fala dos seus encontros com as vítimas de abusos cometidos por clérigos.



"Em todos os meus encontros, sobretudo durante minhas muitas viagens apostólicas, com vítimas de abuso sexual por parte de padres, olhei nos olhos as consequências de uma grandíssima culpa e aprendi a entender que nós mesmos somos arrastados para esta grande culpa quando a negligenciamos ou quando não a enfrentamos com a decisão e responsabilidade necessárias, como muitas vezes tem acontecido e acontece."



Na sua carta de renúncia o Papa Emérito agradeceu a todos os fiéis por "todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério e pediu perdão pelos seus defeitos.

O corpo do Papa émerito será colocado na Basilica de São Pedro a partir de segunda-feira (2), para que os fiés possam participar do velório. O funeral ocorre na quinta-feira (5), na Praça São Pedro no Vaticano e será presidido pelo Papa Francisco.